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Farmácia de Apucarana é autorizada a importar maconha medicinal

Fernanda Neme

| Edição de 17 de junho de 2022 | Atualizado em 17 de junho de 2022

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Uma farmácia de Apucarana está entre as primeiras empresas do Brasil a receber a autorização para importar os insumos e manipular, comercializar e dispensar medicamentos à base de cannabis sativa, também chamada de ‘maconha medicinal’. A decisão foi assinada pelo juiz federal Roberto Lima Santos, da 1ª Vara Federal de Apucarana.

O advogado Vitor Adriano Correa, que representa a farmácia, explica que a empresa ainda não tem autorização de venda. O processo corre há cerca de 7 meses e a autorização não é definitiva. “ É um trâmite processual e o processo ainda não foi finalizado. Como envolve uma droga ilícita, por segurança, ainda não podemos divulgar o nome da farmácia”, acrescenta. 

O extrato da cannabis, o canabidiol (CBD) vem sendo apontado como um medicamento eficiente para uma série de enfermidades e vem crescendo o interesse sobre o uso. O CBD pode ser usado por via oral, nasal, tópica ou por vaporização. Além da farmácia de manipulação, uma outra rede de farmácia de Apucarana vende cannabis medicinal na forma injetável há cerca de 2 anos. Para comprar, o cliente precisa de receita médica. 

A decisão foi comemorada por famílias que fazem uso do medicamento. Caso do apucaranense Ricardo Vinícius Bastos. Segundo ele, o remédio transformou a vida da filha Aurora, de apenas 3 anos, que tem paralisia cerebral e Síndrome de West, um tipo de epilepsia que deixa o corpo rígido durante as crises. 

“Estou muito feliz com a notícia. Essa autorização irá facilitar o acesso. Ela chegou a ter 12 horas de crises seguidas quando tinha alguns meses de vida”, diz. Ele e a esposa Lara decidiram por conta própria, utilizar a CBD, que era importada do Uruguai. “Após o uso contínuo do medicamento, as crises sumiram”, relata Ricardo,

O apucaranense ainda conta que a melhora no quadro da filha foi quase instantânea. “Você ver seu filho em uma crise epiléptica e não poder fazer nada para amenizar é terrível e dá uma sensação de impotência. Graças à planta a cura veio e hoje, apesar das limitações, a Aurora é forte e saudável”, explica.

Quem também comemora a autorização é a enfermeira Jackeline Aristides, de Apucarana, que é presidente da associação “Cura em Flor - Apoio de Apoio à Cannabis Medicinal”, que ajuda cerca de 15 pacientes de Apucarana, Londrina e região. O grupo foi criado há cerca de dois anos com sede em Londrina. 

“É uma grande conquista facilitar o acesso a esse medicamento que vem ajudando tantas pessoas. É mais uma forma legal e segura de adquirir a cannabis, já que a Anvisa é extremamente criteriosa. Conheço pessoas que têm Alzheimer, autismo, fibromialgia, entre outros problemas, que tiveram a vida modificada por conta da substância”, explica.  (FERNANDA NEME)