A cada dia que passa, a greve dos caminhoneiros, que entra hoje no sétimo dia, tem atingido mais setores. Além da falta de gás de cozinha e combustíveis, a situação começa a afetar supermercados. Alguns produtos, como leite, hortifrúti e pão, já estão em falta ou próximos de terminar nos supermercados de Apucarana. Em Arapongas, o transporte coletivo está sendo restringido a partir de hoje. Para evitar maiores impactos, o Governo Federal determinou o uso das Forças Armadas até o dia 4 de junho. Apesar da ordem, novas manifestações foram registradas ontem na região, que soma onze pontos de bloqueio.

Fábio da Silva, sub-gerente de um supermercado de Apucarana, afirma que alguns produtos já estão em falta. “Os produtos que mais estão sendo afetados com a paralisação dos caminhoneiros são os da seção de hortifrúti. O leite integral também está faltando, pois só temos o desnatado ainda nas gôndolas. O pão, que vem de caminhão da matriz de Maringá, está preso no bloqueio. Caso a paralisação continue, outros produtos podem vir a faltar também”, comenta.
Para evitar que as gôndolas fiquem vazias, supermercados suprem a ausência de alguns produtos por outros itens. No setor de hortifrúti, por exemplo, ovos estão sendo colocados onde, anteriormente, havia tomate. Biscoitos ocupam o lugar do leite. A falta de combustível também cortou algumas comodidades dadas à clientela. Vários supermercados interromperam o sistema de entrega de compras. Em outros, determinados itens tem compra limitada para cada cliente.
A greve tem gerado apreensão da população. “Se continuar assim, vai faltar produtos. Isso preocupa bastante, porque não tem condições de ficarmos estocando comida”, afirma Altemar Almeida, comerciante.
A professora Lilian Colombar também se mostra preocupada. “Ainda mais para quem tem criança em casa. É uma situação complicada, porque se começar a faltar muitos produtos, os preços podem subir muito. Esse é o meu medo”, diz.
TRANSPORTE
Hoje, o transporte coletivo de Arapongas não vai colocar nenhum ônibus para circular. A Transporte Urbano de Arapongas (TUA), empresa responsável pelo serviço, afirmou ontem que a medida visa economia de combustível. Amanhã, o serviço será centralizado em três horários ao longo do dia. Os ônibus vão circular entre as 6 e 9 horas, 11 as 14 horas e 17 as 20 horas.
A falta de combustíveis também alterou o transporte metropolitano da região. Desde anteontem, os horários de atendimento ao público foram modificados, com diminuição na oferta deste serviço nas linhas do norte do estado.
EXÉRCITO
Em nota divulgada ontem, o 30º Batalhão de Infantaria Mecanizado (BIMec), sediado em Apucarana, afirmou que a tropa está em condições de ser empregada em reforço às ações federais e estaduais, de escolta ou desobstrução de vias. No entanto, nenhuma ordem em relação a essa atuação foi dada.
Manifestações em Jandaia do Sul e Apucarana
Em apoio aos caminhoneiros, várias manifestações em apoio à classe foram registradas ontem na região. Em Jandaia do Sul, cerca de com 150 agricultores fizeram um ‘tratoraço’ pelas ruas do município em apoio à causa.
Os agricultores saíram de frente da Cocari passaram pela área central fazendo barulho com suas buzinas. O agricultor Carlos Donizete Balieiro organizou a manifestação e afirmou que o protesto é uma forma de buscar um Brasil melhor com taxas menores de impostos e combustível. “Não tem nada a ver com transportadora e não vamos fazer greve. Nossa manifestação é em apoio aos caminhoneiros e uma forma buscar um Brasil mais justo. Vamos ver se conseguimos diminuir o custo do combustível”, ressalta.
Outro manifestante que esteve na carreta foi o agricultor Robson Melo, de Jandaia. “A greve tem que acabar a hora que melhorar a nossa situação. O governo tem que entender a situação e é preciso também que todo o Brasil se sensibilize porque depende da gente mudar o cenário em que vivemos hoje”, explica. Em Apucarana, foram os caminhoneiros que tomaram as ruas da área central ontem pela manhã em carreata. Mais de 20 caminhões passaram pelo anel central em buzinaço. A passagem foi aplaudida para maioria da população.
PR mantém 250 bloqueios
De acordo com dados das polícias rodoviárias Federal (PRF) e Estadual (PRE), divulgados na manhã de ontem, são ao todo 250 pontos de bloqueio nas estradas do Paraná, sendo 165 em rodovias estaduais e 85 em rodovias federais. Na região são 11 pontos.
Na região, foram registrados seis bloqueios em rodovias estaduais: na PR-444, em Arapongas; na PR-466, entre Jardim Alegre e Lidianópolis; também na PR-466, em Manoel Ribas; na PR-082, entre São João do Ivaí e Ivaiporã; na PR-457, entre São Pedro do Ivaí e São João do Ivaí; e na PR-487, em Cândido de Abreu.
Já nas rodovias federais, há cinco pontos de bloqueio na região: três na BR-376, sendo um em Califórnia, um em Mauá da Serra e outro em Ortigueira; e dois na BR-369, ambos em Arapongas, sendo um no Distrito de Aricanduva e outro nas proximidades da praça de pedágio do município.