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Mudanças nas regras geram ‘corrida’ por sistemas de energia solar na região

Fernando Klein

| Edição de 13 de julho de 2022 | Atualizado em 13 de julho de 2022
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por sistemas de energia solar na região

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A seis meses das mudanças nas regras, o número de conexões de energia solar disparou em Apucarana e Arapongas. O aumento chega a 103% nos dois municípios no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2021. Foram 606 ligações na rede de janeiro a junho de 2022 contra 298 no mesmo período do ano passado, segundo levantamento da Copel. 

A partir de 7 de janeiro de 2023, a distribuição de energia solar em estabelecimentos comerciais e residenciais será tabelada. Atualmente, quem possui sistemas fotovoltaicos tem isenção até 2045 da cobrança de taxas referentes ao uso de sistemas de distribuição de energia. 

Portanto, quem realizar a adesão de um sistema fotovoltaico nos próximos seis meses irá manter os benefícios concedidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e fugir da “taxação do sol”, como a cobrança está sendo chamada. A partir do ano que vem, os novos consumidores irão pagar uma taxa gradativa durante os primeiros anos de uso, referente ao custeio da rede elétrica. A porcentagem inicial é de 4,1% em relação à energia produzida, subindo até 27% em 2030 na média nacional. No Paraná, segundo o setor, o índice máximo não passará de 23% por conta da diferente composição tarifária. 

Isso explica o aumento da procura, que deve seguir até o final do ano. Em Apucarana, as instalações de sistemas fotovoltaicos cresceram 110% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 289 de janeiro a junho de 2022, com potência instalada de 3.398 kW (projetos, em média de 11,75 kW) contra 137 no mesmo período de 2021, o que representou uma potência instalada de 1.614 kW (projetos, em média, de 11,78 kW). 

Já em Arapongas, o aumento foi de 97%. No primeiro semestre de 2022, foram 317 ligações com potência instalada de 2.391 Kw (projetos, em média, de 7,54 kw) contra 161 conexões no mesmo período do ano anterior com potência instalada de 2.317 kW (projetos, em média, de 14,4 kW), segundo a Copel. 

Jeferson Ribeiro, sócio-proprietário de uma empresa do setor em Arapongas, afirma que a procura é grande e deve aumentar ainda mais. Ele assinala que precisou contratar mais funcionários para atender a demanda. “Mas é preciso correr, porque quem deixar para outubro ou novembro não vai mais conseguir fazer a instalação”, diz. A empresa atende cinco estados do Brasil. 

O empresário araponguense não vê prejuízos para o negócio com a tarifação da distribuição a partir de 2023. “Muito tem se falado sobre isso (fim da isenção da distribuição da energia solar), mas os reajustes e as mudanças das bandeiras tarifárias representam um custo muito maior. Assim, quem investe na energia solar sai na frente. Isso não vai mudar”, assinala Ribeiro. Segundo a Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abracee), a energia elétrica residencial, por exemplo, teve um aumento médio anual de 16,3% entre 2015 e 2021. 


Setor está mobilizado, diz empresário

Sócio-proprietário de uma empresa do setor em Apucarana, o engenheiro eletricista Danilo Alberto Franco confirma o aumento da demanda. Segundo ele, a procura por sistemas fotovoltaicos deve “quadruplicar” agora no segundo semestre. “Todo o setor, na verdade, está mobilizado, desde distribuidores, fabricantes, empresas de instalação e até a própria Copel”, diz. 

Neste primeiro semestre, ele afirma que, além das mudanças das regras, o crescimento é reflexo do reajuste das bandeiras tarifárias, que deixaram a energia mais cara no país. 

Segundo o engenheiro, o retorno atual do investimento é de 4 anos. Apesar das mudanças envolvendo a distribuição a partir de 2023, Danilo afirma que a energia solar continuará sendo atrativa. “A energia solar veio para ficar. É uma das poucas maneiras nas quais é possível antecipar gastos inevitáveis, como é o caso energia elétrica, com ganhos consideráveis”, afirma. 

Ele diz que a mudança de regras é, na verdade, uma “retirada de subsídios” e não a instituição de uma nova cobrança. Segundo o engenheiro, as medidas não devem ter muito impacto no prazo de retorno. Para o empresário, a implantação vale à pena por conta dos sucessivos reajustes anuais das tarifas de energia residenciais e industriais, juntamente com as mudanças das bandeiras tarifárias. “Com a retirada dos subsídios, na prática, não haverá muitas mudanças por conta dos reajustes anuais da própria energia”, pondera.