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Paratletas da região encaram desafio de 500 km até o litoral

silvia vilarinho

| Edição de 16 de dezembro de 2021 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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De Arapongas até Guaratuba são mais de 500 km. Superar a distância, em um caminho que passa por serras em um trajeto de trânsito intenso, é um desafio para qualquer ciclista e uma verdadeira prova de superação para Jeferson Meirelles e Luciano Marques. Os dois amigos são deficientes físicos e paratletas - um é amputado na perna e o outro usa uma bicicleta adaptada para pedalar com as mãos-  e estão na estrada desde segunda-feira (13), com previsão de chegar ao litoral no final de semana.

Jeferson Meirelles mora em Arapongas. Em abril deste ano, após um acidente de moto, precisou amputar a perna esquerda. “Eu quase não aguentei. Deus que me livrou. Bem no dia do acidente passava um bombeiro que estava de folga. Ele me ajudou e eu resisti aos ferimentos. Depois que saí do hospital fiquei três meses em casa sem fazer nada, me aceitei bem e comecei praticar esporte, comecei jogar futebol de amputado, mas era em Maringá e eu não conseguia ir sempre, depois comecei a praticar natação em Arapongas, ganhei até medalhas no Parajaps e, há duas semanas, surgiu a ideia do desafio, de ir até Guaratuba”, explica. 
Já Luciano Marques, que vive em Astorga, perdeu o movimento das pernas após um acidente em 2003. Ele também estava de moto e levava na garupa a namorada, que não resistiu aos ferimentos e morreu no dia da colisão. “Um carro me fechou no centro da cidade. Foi uma pancada. Minha namorada morreu e eu perdi o movimento das pernas. Graças a Deus, sempre me mantive com a cabeça erguida e agora me permito realizar esse desafio”, disse.
Luciano usa uma handbike, que é um tipo de bicicleta pedalada com as mãos, além de praticar outros esportes. “Tenho medalha de bronze no arremesso de peso, gosto de praticar esportes, me sentir ativo, moro em Astorga, mas estou sempre em Arapongas, tenho a handbike e estou muito feliz por realizar esse desafio”, destaca. 
A dupla saiu na segunda-feira. Na terça-feira, os dois superaram a Serra do Cadeado, entre Mauá da Serra e Ortigueira. “Meu Deus, descer a Serra deu um medo, estamos juntos nessa, contanto com apoio de outros amigos e familiares e vamos nos superar, mostrar que é possível”, afirma Jeferson. 
Ontem, a dupla já tinha chegado em Imbaú, onde passariam a noite para seguir viagem até Ponta Grossa, onde querem chegar hoje.