Habilidades típicas do universo feminino há um ano ganharam um outro olhar, através do projeto “Economia Solidária e Protagonismo Feminino”, realizado pela Secretaria da Mulher e Assuntos da Família. No “Espaço da Mulher” estão espalhados centenas de produtos feitos 100% manual. São panos de prato bordados, roupas, cosméticos, objetos decorativos, enxoval para bebê, arranjos decorativos e até plantas ornamentais e medicinais.
A variedade de produtos representa a diversidade das participantes e a aceitação do projeto, que completou um ano no início do mês. Um exemplo é a aposentada Celi Palhares da Silva. Aos 81 anos, ela percebeu que seu estilo de vida poderia se transformar em renda, além de horas de terapia.
No quintal de casa, Celi, com a ajuda do filho, o farmacêutico bioquímico Maurício Silva, cultivava ervas medicinais para consumo pessoal e plantas ornamentais. Porém, no final do ano passado, ela conheceu o programa “Economia Solidária e Protagonismo” e adotou a proposta.
Celi ampliou a variedade de ervas medicinais cultivadas e também de plantas ornamentais, que passaram a ser vendidas em vasos no “Espaço Mulher”, que é, digamos, uma verdadeira loja para as participantes exporem seus produtos.
A aposentada não só passou a vender seus produtos, mas aprendeu os cinco pilares difundidos pelo projeto: cooperação, solidariedade, autogestão, viabilidade econômica e sustentabilidade. O último pilar, inclusive, é o forte da aposentada. Dona do empreendimento “Saúde Natural”, ela também faz bolsas térmicas com plantas medicinais. “Antes era só para consumo e para amigos, agora entra uma renda extra, mas faço tudo com muita tranquilidade. É uma maneira também de não ficar acomodada”, diz
Já a habilidade da fisioterapeuta Cibele Borin, 36, é outra. Apaixonada por perfumes, aromatizadores e cremes, ela começou a pesquisar mais sobre a área há um ano e a fazer testes em casa. Neste período, a fisioterapeuta, além de fazer difusores, cremes e perfumes para uso pessoal, também atendeu pequenas encomendas.
Com apoio da família, ela procurou o “Espaço Mulher” e está participando do curso de capacitação. “Já tive a oportunidade de expor meus produtos e senti que tem receptividade. O diferencial do projeto é a acolhida. Eu estou começando um negócio e sinto que não estou sozinha. Isso faz toda a diferença e aumenta a autoconfiança”, avalia.
Diferente de Cibele, que é caloura do projeto e de Celi, que não tem por objetivo tornar a atividade fonte principal de renda, a artesã Patrícia Proença, 44, vive há três anos exclusivamente com o que ganha com a sua arte. “Depois que fiz a capacitação, a minha renda aumentou 50%. O apoio recebido é muito grande, além da troca de conhecimento, cursos e feiras, que dão visibilidade ao nosso trabalho”, comenta. Atualmente, ela passou a ganhar, em média, R$ 1,5 mil.
Quem também viu a renda aumentar 50% em um ano de projeto é a artesã Camila Bertasso, 32, e a mãe Terezinha Bertasso, 50. Elas, que viram o próprio negócio “naufragar” por conta da má administração, há um ano decidiram retomar a atividade. “A minha mãe continuou costurando enxoval em casa. Há um ano, eu decidi fazer uma parceria com ela e, então, busquei apoio no projeto”, recorda.
De acordo com Camila, que é formada em Pedagogia, as técnicas de gestão alertam para os erros cometidos anteriormente e também abrem novos nichos de negócio. “Com a estrutura oferecida pelo projeto conseguimos aumentar 50% as nossas vendas”, calcula. Além de enxoval para bebê, elas apostam em fraldinhas e toalhas personalizadas, entre outros acessórios. “Com o Espaço mulher trocamos conhecimento e também sabemos que podemos contar com a ajuda das integrantes, quando surge um pedido maior”, diz.
Mais de 160 mulheres capacitadas em um ano
Em um ano de projeto, 160 mulheres fizeram a capacitação e integram a Rede Mulheres Solidárias. A secretária Denise Machado, responsável pela pasta da Mulher e Assuntos da Família, ressalta que o objetivo do projeto é o protagonismo feminino, a geração de renda e autonomia financeira.
Denise avalia que os resultados obtidos neste um ano do Projeto Economia Solidária e Protagonismo Feminino são positivos. “O objetivo do projeto foi alcançado em tempo recorde, com a criação de 52 empreendimentos nos mais variados segmentos. Também conquistamos várias parcerias com instituições e faculdades locais e empresas”, avalia.
A secretária observa ainda que o projeto atende mulheres de todas as classes sociais e idades, de 53 bairros da cidade, incluindo o centro, e até da zona rural. “Não é só para mulheres carentes, é para todas as classes sociais e escolaridade”, complementa Elizabete Berton, supervisora do Programa de Economia Solidária e Protagonismo Feminino.
Bete, como é conhecida, explica que no “Espaço Mulher” não acontece cursos, mas troca de saberes, de experiências e capacitação voltada à geração de renda e protagonismo feminino. “As oficinas acontecem no Centro de Oficinas da Mulher, algumas participantes passam por lá e outras não. Aqui as mulheres têm a oportunidade de entender os mecanismos de como constituir um negócio e aumentar a renda familiar”, diz.
Entre as conquistas neste período, Denise e Bete frisam um programa de rádio na emissora Água Viva, a célula de bordadeiras de pedrarias no distrito e Pirapó e participação na Vest Vale, para o próximo ano, a participação no Programa Artesanato Brasileiro, que possibilita inclusive a exportação de produtos, e o projeto de uma horta em parceria com a Secretaria Municipal de Agricultura, que deverá ser iniciado em breve. “A Economia Solidária e Protagonismo Feminino” também está concorrendo ao Prêmio Ozires Silva de Empreendedorismo Sustentável.
Projeto é estendido para detentas do minipresídio
Outra frente do “Economia Solidária e Protagonismo Feminino” é o projeto “Reconstruindo Vidas”, lançado em parceria com o Judiciário. A secretária Denise Canesin Machado, responsável pela pasta da Mulher e Assuntos da Família, comenta que a iniciativa surgiu a partir de uma pesquisa realizada sobre a situação das detentas em Apucarana. “Foi constatado que elas não tinham direito a banho de sol nem praticavam atividade dentro do minipresídio. Elas estão privadas da liberdade, mas não devem ser privadas de seus direitos humanos. Com isso, surgiu a iniciativa, com apoio do Judiciário, de iniciar um trabalho de ressocialização e profissionalização”, sublinha.
De acordo com a secretária, a finalidade é de proporcionar às essas mulheres reflexão, ressocialização e incentivá-las a terem outras perspectivas na vida, para que não reincidam no crime. “As presas já participaram de algumas atividades, como a iniciação à capacitação na perspectiva da economia solidária”, salienta.