Retratos e interpretações da luta diária de dezenas de homens e mulheres contra o câncer compõem a segunda exposição fotográfica “Outubro Rosa” e a primeira “Novembro Azul” no Museu de Arte e História de Arapongas (Mahra), realizada pelo Foto Clube de Arapongas (Focar). O evento, que começou na última quarta-feira vai ficar aberto ao público até a próxima sexta-feira, dia 6, sempre das 9h às 11 horas e das 13h às 17 horas, durante a semana.
Ao todo são 70 fotos inéditas coloridas e em preto e branco de 17 mulheres e 16 homens, que enfrentam ou enfrentaram o câncer. Uma das fotografadas é a vendedora Patrícia Aparecida de Souza Gobbi, 39 anos. Ela descobriu o câncer na mama direita em maio deste ano durante um exame de rotina. Como não poderia ser diferente, o primeiro momento foi de susto, mas com muita fé, perseverança e apoio da família, ela fez a retirada do tumor e passou pela quimioterapia.
Com a autoestima abalada por causa da queda do cabelo, o convite chegou em uma boa hora. “Levantou a minha autoestima. Foi uma experiência diferente e muito satisfatória. Mesmo quando nos achamos sem brilho, temos que buscar força interior para que possamos nos enxergar novamente, pois o que importa é o interior de cada um, a aparência externa voltará um dia”, acredita. E foi isso que ela quis mostrar em suas fotos, que misturam delicadeza e luta. Em algumas Patrícia usa luvas de boxes, que simbolizam sua batalha contra o câncer de mama.
Outra modelo que resolveu compartilhar o momento de enfrentamento ao tumor é Flávia Perussolo, 34. A assistente de Recursos Humanos descobriu um câncer no pescoço em fevereiro deste ano. “Quando recebi o diagnóstico, tive a sensação que iria morrer, mas depois, com as pesquisas e com o tratamento, vi que não é bem assim. A exposição mostra um pouco deste lado”, avalia.
A araponguense comenta ainda que a exposição “Outubro Rosa” e “Novembro Azul” também é um chamado para a prevenção. “Caso receba um diagnóstico positivo, é preciso entender que é capaz de superar. Eu não entendi assim no início, o que só me fez mal. A resistência não ajuda e acredito que essas fotos ajudam a e entender que não somos os únicos a passar por este momento”, diz.
Para Roberson Pelgrini, 43, que integra a exposição “Novembro Azul”, avalia que o evento é uma oportunidade importante de compartilhar uma experiência única com pessoas que estão precisando muito de palavras de apoio. “Neste processo tão terrível e dolorido desta doença, que não escolhe a quem vai atacar. Infelizmente, todos estamos vulneráveis à ela. É preciso mostrar que tudo é possível à aquele que crê. Ter fé e vontade de viver fazem a diferença no momento de luta pela vida”, acredita.
Por trás das lentes
Se por um lado, as imagens expressam as emoções dos fotografados, não pense que quem estava por trás das lentes também não se emocionou. O projeto, conduzido pelo Focar, contou com a colaboração de 17 fotógrafos. Para a blogueira araponguense Bia Nicastro, que se considera uma amante da fotografia, foi um momento único. “Desde o início, eu já sabia que a experiência seria única, uma vez que já tive casos na família e por ser também algo muito delicado”, assinala.
Ela, que participa pela primeira vez, entende que a exposição é um chamado para "acordar" e transformar o mundo de quem passa e de quem passa com eles por este momento. “O diagnóstico é um apelo à sobrevivência. Todos os meus modelos disseram que passaram a considerar coisas mais importantes da vida, vivendo o hoje, cada dia com uma nova lição a ser cumprida. Busquei retratar o momento em que se encontravam com marcas físicas e psicológicas, mas vivos”, pontua.
Maria do Carmo Vieira, que participa do projeto pela segunda vez, justifica sua colaboração de uma maneira simples. “Uso a minha paixão pela fotografia para expressar os sentimentos das pessoas que fotografo e retratar histórias de vida que são exemplo de superação”, afirma.
Já para a fotógrafa Juliana Lissi Gouveia, que fotografou pela primeira vez para a exposição “Outubro Rosa”, a experiência foi emocionante. “Após a sessão, a tarefa de casa era gravar um depoimento delas. Ao ouvi-las, eu vi o quanto nós reclamamos de coisas pequenas diariamente”, analisa.
De acordo com a presidente do Focar, a advogada Sandra Gasparotti, o projeto também faz um resgate da autoestima, valorizando um momento delicado da vida de cada um deles, além de estabelecer fortes laços entre os fotógrafos e os modelos, trazendo experiências enriquecedoras e inesquecíveis para todos.