A Polícia Civil de Apucarana prendeu ontem, em cumprimento a mandado de prisão preventiva, o empresário que atirou e matou o vendedor autônomo Bruno Junior, de 33 anos. O crime aconteceu no na madrugada de domingo, no Distrito do Pirapó, e causou grande comoção.
Conforme informações apuradas junto à 17ª Subdivisão Policial (SDP), o mandado de prisão preventiva em nome do empresário de 41 anos, que é engenheiro de automação, foi expedido pelo judiciário ontem à tarde atendendo a um pedido da Polícia Civil. O empresário foi localizado e preso na sequência em sua empresa e encaminhado à delegacia onde permanece à disposição da justiça.
Bruno Junior estava com a namorada e um casal de amigos em uma casa na Rua João Batista Judai. Os donos do imóvel estavam viajando. Ele foi até o muro após ouvir disparos. Atingido no rosto, morreu no local.
De acordo com o delegado André Garcia, o autor - que havia se apresentado na segunda-feira na delegacia, quando prestou depoimento - alega legítima defesa. Ele afirmou ter ouvido pessoas andando sobre o telhado de sua casa e disse que efetuou o disparo porque acreditou que a vítima estava tentando pular o muro de sua residência e pensou que podia se tratar de um assaltante. O depoimento, entretanto, não convenceu a polícia.
“Essa versão não encontra nenhum elemento informativo que a corrobore. O que nós temos é exatamente o contrário do que ele diz. A vítima em momento algum subiu no telhado da casa do vizinho tão pouco tentou pular o muro. Ela apenas subiu na casinha de gás e ergueu o pescoço para ver de onde vinham esses disparos, talvez até preocupado com os moradores da casa”, disse o delegado, acrescentando que toda a movimentação de Bruno foi registrada pelo circuito de segurança da casa onde estava a vítima e as imagens serão anexadas ao inquérito.
Segundo o delegado, os disparos deflagrados pelo empresário não seriam um fato isolado e há registros desse comportamento em situações anteriores. “Ele tinha por costume realizar disparos de armas de fogo. E nessa data, antes de atingir a vítima, tinha feito vários”, comenta.
Na casa do autor dos disparos - que tem registro de CAC -, a polícia apreendeu uma espingarda de pressão modificada para calibre 22, escopeta calibre 12, várias munições, incluindo 14 munições calibre 22 deflagradas, munições de calibre 12 deflagradas, além de 11 estojos de pistola calibre 380 deflagrados. A arma do crime, uma pistola calibre 380, foi encontrada pela Polícia Civil em cima de uma geladeira.
O empresário, afirma o delegado, será indiciado pelo crime de homicídio qualificado por motivo fútil e sem chance de defesa da vítima.
O caso também está sendo acompanhado pelo advogado Lucas Cardoso, que representa a família de Bruno. (Com reportagem Cindy Santos)
Advogado alega legítima defesa
A defesa do empresário preso afirma que os tiros foram efetuados porque o autor acreditava enfrentar suposta invasão de criminosos. Segundo o advogado Paulo Pavolak, o empresário sabia que os vizinhos tinham viajado e estranhou o barulho da casa ao lado.
“O muro é muito alto e havia uma situação que os vizinhos estariam viajando, com o barulho que ele (atirador) escutou, conduziu a uma situação de defesa. O local onde ele mora não é muito movimentado e ele, inclusive, já teve problemas com bandidos tentando invadir o imóvel”, disse Paulo.
O advogado ressalta que o cliente estava em sua casa com a esposa e as filhas e não tinha o propósito de matar uma pessoa inocente. “Em nenhum momento teve a intenção de tirar a vida de uma vítima, foi uma fatalidade para ambas as famílias. Ele não é criminoso, é um homem de família, não deve nada para ninguém e teve uma interpretação da situação que conduziu à legítima defesa”, comentou.
Pavolak salienta que a defesa trabalhará para provar sua versão. “Vamos trabalhar para que ele possa responder em liberdade, essa é a regra, ainda mais com um cidadão de bem”. (VÍTOR FLORES)