ABRAHAM SHAPIRO

min de leitura - #

Currículos com gliter e vida no automático

Da Redação

| Edição de 23 de junho de 2025 | Atualizado em 23 de junho de 2025

Fique por dentro do que acontece em Apucarana, Arapongas e região, assine a Tribuna do Norte.

Há currículos que parecem fantasias de carnaval: cheios de brilho, penas e acrônimos, mas vazios de propósito. Têm MBA´s, fluência em vários idiomas e fotos em lugares que o Waze nem reconhece — só não têm competências de verdade.

Vivemos numa época em que a identidade pessoal virou vitrine e a vaidade, algoritmo. O valor de um ser humano anda sendo calculado em número de seguidores, cargos pomposos e sorrisos forçados em eventos de networking.

Não estou demonizando o sucesso — que fique claro. Sucesso é ótimo, inclusive recomendável. Mas quando ele deixa de ser conquista e vira compulsão, quando a motivação é mais alimentar o ego do que realizar algo com propósito, aí temos um problema. Como disse o poeta inglês Alexander Pope: “A vaidade é o espelho onde todos contemplam seu próprio retrato.” Ou a frase que Al Pacino, em seu magnífico papel em Advogado do Diabo: ““Vaidade — definitivamente, o meu pecado favorito.”

No mundo corporativo, isso transborda. Vemos decisões apressadas, carreiras que parecem checklists e uma inquietação crônica para “chegar lá”, sem saber exatamente onde é “lá”. É o culto moderno ao desempenho, com altar de Excel e liturgias de PowerPoint.

O antídoto? Clareza interior. Luz. Perguntas sinceras, do tipo: O que eu estou perseguindo? Minha agenda serve a quê? Estou crescendo ou apenas me exibindo? Fama, dinheiro e status são ótimas ferramentas — desde que não sentem no trono.

Quem vive para parecer relevante corre o risco de esquecer como é ser real. E convenhamos: personagem alguma aguenta viver em cartaz por tempo indefinido, sem perder o rumo — ou a graça.