ABRAHAM SHAPIRO

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Guia prático para quem trabalha no olho do furacão

Da Redação

| Edição de 27 de outubro de 2025 | Atualizado em 27 de outubro de 2025

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Toda empresa adora dizer que “aprende com os erros”. Bonito no slide. Na vida real, basta perder um cliente, o orçamento encolher ou a meta não ser atingida que já aparece o comitê do velório do trimestre. Coroas, flores e um PowerPoint à prova d’água. Acontece com frequência.

Verdades duras, porém, úteis: o sucesso não mora na praia. Ele se esconde no redemoinho, entre uma onda que te acerta e outra que já vem vindo. O mercado não é um spa. É uma escola de surfe sem professor particular. E, sim, a prancha é a gestão. Se você passa o dia amaldiçoando a maré, parabéns: está treinando “reclamação funcional”, não resultado.

Quer parecer adulto na empresa? Pare de romantizar mares calmos e trate as pancadas como treino. Não é discurso motivacional; é protocolo de sobrevivência:

Erros com recibo. Cada tombo precisa virar um ajuste verificável: prazo, check-list, dono e data. Sem recibo, é desabafo caro.

Pós-mortem sem vilão. Causa raiz sobre o processo, não sobre pessoas. Ego não melhora indicador.

Microtestes reversíveis. Mude uma alavanca por vez, barato e rápido. Resultado em 7 dias, não em 7 comissões.

Métricas de bolso. Uma de venda (conversão ou ticket), uma de saúde (retrabalho ou defeito). Olhou segunda, ajustou terça, executou até sexta.

Ritual de horizonte. Três perguntas antes de culpar a corrente: o que a gente aprendeu, o que a gente muda, o que a gente para.

O resto é espuma com frase inspiradora. 

Profissional experiente não “vence a maré”; ele lê a maré, ajusta a prancha e volta para o outside. De novo. E de novo. A diferença entre o reativo e o líder não é coragem cinematográfica. É disciplina silenciosa.

A conclusão vai aqui: a onda que tenta te derrubar é a mesma que te treina para a próxima. Quem aprende isso, cresce. Quem não aprende, organiza velórios cada vez mais caros.