ABRAHAM SHAPIRO

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O Brasil saiu do Mapa da Fome, mas ruas contam outra história

Da Redação

| Edição de 13 de outubro de 2025 | Atualizado em 13 de outubro de 2025

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Em julho, o Brasil comemorou um feito histórico: deixou o mapa da fome pela primeira vez desde 2014. O IBGE também registrou o menor índice de pobreza da série histórica. Mas, em paralelo a esses avanços, o número de pessoas em situação de rua bateu recorde: são quase 350 mil brasileiros sem moradia, mais que o dobro dos 145 mil registrados em 2019.

A maior parte dessa população é composta por homens (84%), negros (69%) e adultos entre 30 e 59 anos (70%) — um retrato das desigualdades raciais, sociais e estruturais do país.

Em 2023, o governo lançou o plano Ruas Visíveis, com promessa de R$ 1 bilhão ao ano em políticas de habitação, saúde e assistência social. Mas os resultados ainda não apareceram: desde 2022, o número de pessoas vivendo nas ruas cresce sem parar.

Especialistas da UFMG e do Ipea apontam que o fenômeno vai além da falta de comida: inflação, crise econômica e o déficit habitacional crônico empurram milhares para fora de casa. A situação se agrava com a decisão do STF, que desde 2023 proíbe remoções forçadas, protegendo os direitos dessa população, mas expondo a fragilidade da rede de acolhimento.

Enquanto o Brasil celebra avanços nos números da fome e da pobreza, a realidade das ruas mostra que ter o que comer não significa ter onde morar. O país pode estar melhor nos gráficos, mas a dignidade ainda falta onde ela mais deveria estar: no chão das nossas cidades.