BISPO DOM CARLOS JOSÉ

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Fraternidade e amizade social

Da Redação

| Edição de 28 de fevereiro de 2024 | Atualizado em 28 de fevereiro de 2024

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Suprir, com generosidade, as necessidades do próximo!

“Quem possuir bens neste mundo e vir seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o seu coração, como pode estar nele o amor de Deus? (1 Jo 3,17)

Amizade Social é o tema para esta Quaresma. A verdadeira amizade social nos permite enxergar Cristo em cada rosto, em cada irmão, seja ele quem for. A verdadeira amizade exclui pré-julgamentos e se adianta na prática da caridade e do amor fraterno. 

Quaresma é tempo de oração, jejum, esmola e conversão pessoal e social, tempo de olharmos para dentro de nós mesmos e avaliarmos nosso relacionamento com Jesus e com o próximo. Caso não façamos essa íntima avaliação, será apenas mais uma quaresma, nada mais. Olhar para dentro de nós mesmos talvez seja o mais difícil, porém é o mais necessário e eficaz exercício para que nos voltemos para Cristo com um novo olhar, mais purificado e atento ao que Ele deseja de nós, no aqui e no agora, onde nós estamos vivendo. 

Faz-se urgente que supliquemos um coração novo, renovado segundo o Coração de Cristo, segundo os sentimentos de Cristo, para vermos o irmão segundo o olhar de Cristo! Somos exortados a olhar o outro com um amor misericordioso, um amor acolhedor que nos permita entender que o outro tem o direito de pensar diferente de nós e mesmo assim ser nosso amigo, pois, não são as diferenças que nos separam, e sim, é Cristo presente nele que nos une! Reaprender a prática da caridade é agir segundo os ensinamentos de Jesus que deu-Se a Si mesmo na Cruz por todos e não por alguns. “Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas por atos e em verdade.” (1 Jo 3, 18). Caridade é partilha! Partilha de amor e de bens! Não precisamos ser ricos e abastados, termos sobras para praticar a partilha, apenas precisamos dividir o temos. 

É fato que, quem menos possui, sempre é mais generoso na partilha, pois, via de regra, sabe o que é ter necessidade. Também é fato que muitos e muitos doam generosamente e fazem questão de não serem vistos, pois não necessitam de visibilidade, fazem realmente por caridade e ponto. Enfim, a fome e a necessidade do irmão devem doer em cada um de nós! O fato de sabermos que boa parte de nossos amigos passam por vários tipos de necessidades deveria, automaticamente, não apenas no Tempo Quaresmal, nos levar a uma vida de caridade e doações permanentes, pois necessitados sempre há. Todas as práticas quaresmais a que nos propomos são louváveis quando nos levam a verdadeira conversão pessoal e social nos disciplinando à pratica de novas atitudes espirituais, condizentes com nosso comprometimento com Cristo e sua Igreja e com nossos irmãos. 

Fazemos muitos propósitos de renúncias durante a quaresma: deixarmos de consumir determinados alimentos, guloseimas, bebidas e outras coisas, então, devemos fazer um levantamento do quanto deixamos de gastar com essas penitências e reverter em esmola, na Coleta da Fraternidade que acontece no Domingo de Ramos, dia 24 de março, em todas as Paróquias da Diocese. Essa coleta, na parte que pertence à Diocese, será destinada às várias entidades sociais, asilos, casas de acolhimentos que cuidam de idosos que já não têm família ou que foram abandonados por elas. Essas entidades não são particulares e em sua maioria são assistidas pela Sociedade São Vicente de Paulo, que sobrevivem totalmente da caridade e solidariedade da população. De nada adianta fazermos penitências e jejuns e guardar o que não gastamos como uma economia que gastaremos conosco mesmos. E, caso não tenhamos feito nenhuma penitência ou jejum (que pena se isso aconteceu!), doemos muito mais, como remissão de uma falha diante do tanto que Cristo fez por nós! Se não podemos ajudar por falta de tempo, podemos colaborar financeiramente para que outros coloquem a mão de obra necessária em nosso lugar. São obras de misericórdia suprir as despesas geradas para manter a dignidade dos irmãos necessitados. Sejamos generosos como Nossa Senhora, que se doou inteiramente a Cristo e a nós sem reter nada a si mesma!