BISPO DOM CARLOS JOSÉ

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Tempo da criação

Da Redação

| Edição de 31 de agosto de 2022 | Atualizado em 31 de agosto de 2022

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‘Ouça a Voz da Criação’ - “Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa” (Ex 3, 5)

“Perguntem, porém, aos animais, e eles o ensinarão ou às aves do céu, e elas contarão a você; fale com a terra, e ela o instruirá, deixe que os peixes do mar o informem. Quem de todos eles ignora que a mão do Senhor fez isso? Em sua mão está a vida de cada criatura e o fôlego de toda humanidade” (Jó 12, 7-10). As obras do Senhor falam, ouçamos sua Voz! Esse é o chamado para todo cristão neste mês dedicado ao “Tempo da Criação”, começando em 01 de setembro, dia Mundial de Oração pelas obras da Criação, se estendendo até 04 de outubro, dia de São Francisco de Assis, Padroeiro da Ecologia. ‘Ouça a Voz da Criação”, é o tema para este mês de oração e ação pelo cuidado com o que Deus criou. 

É urgente que nos coloquemos em oração pelo nosso planeta e, mais urgente ainda, que tenhamos atitudes de cuidados e atenção pelo que acontece à nossa volta. Não é preciso olhar para longe, outros continentes ou locais distantes de nós, basta olharmos ao nosso redor para vermos as consequências nefastas da falta de cuidado que temos para com o meio ambiente. “Por isso a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus. Pois a criação foi sujeita à vaidade (não voluntariamente, mas por vontade daquele que a sujeitou) ” (Rom 8,19-20). Deus nos fala através de suas obras e de seus sinais, Sua Voz ecoa a todo instante, através dos acontecimentos que fazem o mundo se degradar, cujas consequências nos afeta, ou afetará nossos netos diretamente. Não podemos pensar que a responsabilidade para reverter ou ao menos amenizar esses efeitos seja inteiramente dos outros, pois todos somos afetados pelo mal que atinge a criação, assim como também seremos beneficiados pelo bem que for feito. Tomemos consciência da beleza e perfeição com que fomos criados e de tudo ao nosso redor, somos parte de tudo isso e, responsáveis também. 

Não podemos negar que muitas coisas têm sido feitas em relação à conscientização do cuidar do mundo, que é nossa Casa Comum. Porém, as pequenas atitudes do dia a dia, surtem um efeito muito maior ao nosso redor, e de pouco em pouco, os testemunhos arrastam. Quando as crianças e jovens veem os adultos dando exemplos, eles tendem a imitar. Se já estávamos mais focados nas telas das mídias mundiais, que tudo nos traz ao toque dos dedos, ainda mais depois de um período tão drástico quanto a pandemia, nossa proximidade da tecnologia já não encontra limites de tempo, estamos nelas o tempo todo. Essa tecnologia é muito valiosa e já não vivemos sem ela, porém, é preciso reaprender a olhar a beleza do pôr do sol, sentir o cheiro da relva, deixar as crianças brincarem na terra, ensiná-las a plantar flores e árvores, mostrar a elas como cuidar com carinho de um mundo que não é só nosso, mas é de toda humanidade. 

Compreender que nosso modo de vida afeta a todos, seja pelo bem que fazemos ou pelo descuido que praticamos, é essencial para vivermos de forma a proteger a terra em que vivemos, mas não nos pertence de fato. Essa é a beleza da criação, olho no olho, contemplar à nossa volta e enxergar Deus presente. Nossa primeira vocação é a vida, dada pelo Criador, que nos chama a viver a vocação de guardiões de sua Obra criadora. Viver essa vocação não é algo secundário ou opcional da experiência de vida cristã, mas é parte essencial da existência humana. “Todas as coisas foram feitas por intermédio Dele; sem Ele, nada do que existe teria sido feito” (Jo 1,3).