Durante 15 anos, Paulo foi funcionário exemplar de banco: carimbava, vendia seguros empurrados goela abaixo e batia meta como bom soldado do sistema. Nunca criou nada, nunca vendeu além do script. Até que veio a automação — e, com ela, a demissão. Mas eis que surge sua “grande virada”: virou palestrante e consultor de vendas – da noite para o dia.
Lançou o curso “Vendas de Alta Performance” e começou a repetir fórmulas enlatadas que aprendeu no YouTube. De pasta na mão e pose de especialista, a primeira cliente foi Márcia, dona de uma loja de roupas.
— Paulo, como posso vender mais?
Com a confiança típica de quem nunca testou o que ensina, ele dispara: “Conheça o seu cliente”, “seja simpática”, “ofereça produtos adicionais”.
Márcia, paciente, diz: “Faço isso há mais de dez anos.”
Então vem a bala de prata:
— “Já tentou... sorrir mais?”
Márcia pagou R$ 2.000 para ouvir conselhos que sua avó mineira já dava entre um pão de queijo e um “cafezim”.
Enquanto isso, Paulo se sente no topo do mundo — agora livre das metas e faturando R$ 20 mil por mês com o óbvio vestido de insight.
O verdadeiro escândalo? Não é Paulo. É quem paga. Gente que trocou método por mágica, e senso crítico por esperança. É assim que nasce um mercado inteiro: o da ilusão com certificado.
E ele fatura. Muito!