COLUNA DA TRIBUNA

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Consultores de fubá

Da Redação

| Edição de 30 de junho de 2025 | Atualizado em 30 de junho de 2025

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Durante 15 anos, Paulo foi funcionário exemplar de banco: carimbava, vendia seguros empurrados goela abaixo e batia meta como bom soldado do sistema. Nunca criou nada, nunca vendeu além do script. Até que veio a automação — e, com ela, a demissão. Mas eis que surge sua “grande virada”: virou palestrante e consultor de vendas – da noite para o dia.

Lançou o curso “Vendas de Alta Performance” e começou a repetir fórmulas enlatadas que aprendeu no YouTube. De pasta na mão e pose de especialista, a primeira cliente foi Márcia, dona de uma loja de roupas.

— Paulo, como posso vender mais?

Com a confiança típica de quem nunca testou o que ensina, ele dispara: “Conheça o seu cliente”, “seja simpática”, “ofereça produtos adicionais”.

Márcia, paciente, diz: “Faço isso há mais de dez anos.”

Então vem a bala de prata:

— “Já tentou... sorrir mais?”

Márcia pagou R$ 2.000 para ouvir conselhos que sua avó mineira já dava entre um pão de queijo e um “cafezim”.

Enquanto isso, Paulo se sente no topo do mundo — agora livre das metas e faturando R$ 20 mil por mês com o óbvio vestido de insight.

O verdadeiro escândalo? Não é Paulo. É quem paga. Gente que trocou método por mágica, e senso crítico por esperança. É assim que nasce um mercado inteiro: o da ilusão com certificado.

E ele fatura. Muito!