DIREITO & JUSTIÇA

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Planejamento patrimonial: proteção que começa antes do conflito

Da Redação

| Edição de 12 de setembro de 2025 | Atualizado em 12 de setembro de 2025

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Quando falamos em proteção patrimonial, muitos imaginam medidas drásticas, tomadas apenas diante de crises — divórcio, falecimento ou disputas familiares. Mas, na realidade, o Direito de Família e Sucessões oferece caminhos preventivos, capazes de organizar bens, preservar a vontade do titular e evitar longas batalhas judiciais. Conhecer esses instrumentos é essencial para quem deseja cuidar do que construiu e de quem ama.

Alguns instrumentos simples e totalmente legais podem transformar a forma como você lida com o patrimônio, dentre eles, temos a holding familiar, o pacto antenupcial, o testamento e a doação.

1. Holding familiar

A holding familiar é uma empresa criada para centralizar a administração do patrimônio. Bens móveis, imóveis e até quotas de outras sociedades podem ser transferidos para essa pessoa jurídica.

A grande vantagem está no planejamento sucessório e tributário: a gestão dos bens passa a ser organizada de forma profissional, facilitando a transmissão entre gerações e reduzindo custos futuros.

Esse modelo, além de facilitar o planejamento sucessório e reduzir custos tributários, também garante que imóveis ou negócios continuem sob gestão organizada, sem litígios entre herdeiros.

2. Pacto antenupcial

O pacto antenupcial é um contrato firmado antes do casamento, no qual os noivos definem o regime de bens que regerá a união. Sem o pacto, aplica-se automaticamente a comunhão parcial de bens (em que tudo que for adquirido depois do casamento se comunica entre os cônjuges).

Ele é indispensável, por exemplo, para escolher a separação de bens ou a comunhão universal de bens. O pacto garante segurança jurídica, pois afasta dúvidas futuras sobre a partilha em caso de dissolução da união.

Em uniões posteriores a um divórcio, a separação convencional de bens pode ser uma escolha prudente. Ela protege o patrimônio já formado, evita a mistura de heranças de diferentes núcleos familiares e reduz potenciais disputas entre filhos de casamentos distintos. Nesses casos, o pacto antenupcial é o instrumento jurídico que materializa a opção.

3. Planejamento sucessório: Testamento e Doação em vida

O testamento é o instrumento que permite ao titular expressar sua vontade sobre a destinação de seus bens após a morte. Embora a lei reserve metade do patrimônio aos herdeiros necessários (descendentes, ascendentes e cônjuge), a outra metade pode ser livremente disposta. Assim, é possível, por exemplo, contemplar um filho mais dedicado, um companheiro, ou até instituições filantrópicas e afins.

Já a doação em vida possibilita antecipar a partilha, desde que respeitada a parte legítima dos herdeiros. Essa modalidade é útil quando se deseja evitar conflitos entre filhos e herdeiros, dividir bens de forma equilibrada ou já deixar definido quem cuidará de determinado imóvel ou empresa.

Qual caminho escolher?

A escolha da estratégia depende da realidade de cada família:

• Casais jovens sem patrimônio expressivo: geralmente a comunhão parcial é suficiente, mas um pacto pode ser útil quando já há bens prévios.

• Segundas uniões ou casamentos após divórcios litigiosos: separação de bens é recomendável.

• Famílias com empresas ou imóveis em grande número: a holding familiar pode ser a solução adequada para organização e continuidade dos negócios.

• Quem deseja organizar a transmissão da herança: o testamento ou a doação em vida podem antecipar soluções e evitar conflitos.

Planejamento patrimonial não é sinônimo de desconfiança, mas de responsabilidade. É cuidar de quem virá depois e evitar que vínculos afetivos se transformem em batalhas judiciais. Silenciosamente, essas ferramentas jurídicas resguardam o patrimônio e, sobretudo, a paz familiar.

Por isso, antes de tomar qualquer decisão sobre patrimônio, casamento ou sucessão, é essencial buscar orientação jurídica especializada. Cada família tem sua realidade, e apenas uma análise individualizada pode indicar qual caminho — pacto, separação de bens, holding, testamento ou doação — é o mais adequado. A prevenção feita com apoio profissional não só resguarda os bens, mas garante que sua vontade seja respeitada e que os laços familiares permaneçam preservados.