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Guilherme Bomba: Por qual motivo você luta?

Da Redação

| Edição de 29 de setembro de 2022 | Atualizado em 29 de setembro de 2022

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Essa pergunta é, no mínimo, intrigante. Só digo uma coisa, caro leitor e leitora, se você não sabe pelo que luta, tende a não ver sentido no esforço desperdiçado em um caminho sem rumo. E assim, pouco a pouco, diminui o ritmo, se acomoda e, por fim, para. Dizendo assim, pode parecer simples a resposta, é só achar o motivo de minha luta, certo? Entretanto, como fazer isso? 

Fomos criados por objetivos, desde crianças recompensados pelas boas ações e punidos pelas ruins, estabelecemos critérios de valores para cada coisa a ser alcançada. Se a criança tirar uma boa nota, será recompensada com um prêmio, que pode ser um chocolate ou um outro eletrônico na mesinha de cabeceira. Como figurinhas de um álbum, vamos juntando pequenas conquistas que satisfazem nosso ego, nossa autoimagem e a forma como queremos que os outros nos vejam. 

Em dado momento, entendemos que as recompensas surgem de nossos esforços, e passamos a criar metas, ora pequenas, ora grandiosas, mas elas passam a fazer parte do que somos e, de repente, somos apenas isso. Eu sei que talvez, caro leitor e leitora, esperasse que neste ponto eu falasse de como é gratificante conseguirmos tudo pelo nosso esforço, trabalho e méritos. Mas aí, seria coaching demais para mim, e olha que gosto disso, entretanto, não por esse caminho. Quando digo que nos tornamos dependentes das recompensas, elas se tornam uma droga, um vício. E como um vício, se torna cada vez mais difícil sair deste ciclo. 

“Quando eu terminar o colégio eu serei mais feliz!”, “quando eu começar a trabalhar naquela empresa, estarei realizado”, quando eu comprar minha casa... meu carro... minha moto... minha viagem... e por aí vai”. Por querermos coisas demais que estão sempre no futuro, deixamos de viver o agora. E o agora é tudo que temos, pois o passado é alcançado apenas pela memória e o futuro não existe, pelo menos não ainda. Projetar a felicidade para o amanhã, sem a certeza de estar lá, afinal, todos morreremos, é como jogar na loteria e descartar o bilhete, de toda forma você perdeu. 

Que possamos, eu e você, compreender que uma vida de felicidade se faz um dia de cada vez. Um dia como hoje, não amanhã. Como professor, mas principalmente como pai, tenho buscado compreender e ensinar aos meus, que não se pode depositar o sucesso em uma conquista futura, do contrário, passaremos tristes pela vida, na esperança de um dia sermos felizes... 

De nenhuma forma estou dizendo que não devamos trabalhar e planejar a aposentadoria, entretanto, qual “eu” deixarei para o meu futuro tão brilhante? Se quer saber, eu sei quais as razões da minha luta, mas dizer a você seria atrapalhar o seu processo. Posso apenas dizer que me chamam de pai, independente do que eu tenha conquistado no meu dia, do carro que eu ande, da roupa que eu vista ou da minha conta bancária. Me olham da mesma forma, pois para conquistá-los basta estar presente e repetir o quanto eu os amo. Eu sei que eles sabem, mas essa luta eu não posso perder.