É certo que toda sociedade busca a melhoria da qualidade de vida, o desenvolvimento. O conceito genérico de desenvolvimento é o crescimento econômico acompanhado de melhorias nos indicadores econômicos, sociais e ambientais. Também é certo que é possível que uma sociedade tenha crescimento econômico sem o desenvolvimento econômico, porém, não é possível ter desenvolvimento sem crescimento. Assim, o crescimento econômico é condição “sine qua non” para o desenvolvimento.
No estudo do desenvolvimento econômico podemos simplificar, de forma bem grosseira, que a população tem que crescer a taxas menores do que o Produto Interno Bruto (PIB). Esta é uma condição, mas não significa que a qualidade de vida da população melhorou. Para que isto ocorra deve ser considerado o aspecto distributivo, ou seja, se a riqueza que foi gerada foi distribuída para a população de forma justa.
Além disto é necessário que tenhamos melhorias nos indicadores de nutrição, saúde, educação, vitais, de integração social, de atitudes mentais, de emprego e produção, de acumulação de capital, de comércio exterior e da estrutura política. Não é tão simples como nossos agentes políticos vivem propalando nos períodos eleitorais. E este é o grande problema brasileiro: as escolhas políticas de nossos políticos.
Quando temos que a população cresce a taxas maiores do que o PIB de um município é certo que temos uma piora da qualidade de vida. Já quando temos um crescimento populacional um pouco menor que o da economia este crescimento pode não impactar na população que está entrando em idade ativa e daí temos o que chamamos de subdesenvolvimento. Só podemos afirmar que o local está em desenvolvimento quando o crescimento econômico é maior do que o populacional numa intensidade que possa impactar na melhora da estrutura econômica e dos indicadores citados. Exige muito planejamento e ações assertivas. Discursos não desenvolvem.
Neste sentido é que destaco a importância do planejamento econômico e social nos municípios: para se pensar a melhoria da qualidade de vida da população e para elaborar políticas públicas para este fim. Mas, infelizmente isto não ocorre na maioria dos municípios brasileiros, em especial nos de pequeno e médio portes. Para solucionar este problema as associações de municípios poderiam se encarregar de capitanear o planejamento econômico e social. Todos se beneficiariam: a população com a melhora da qualidade de vida, os empresários com o aumento do faturamento (e lucro) e o setor público com o aumento da arrecadação de impostos.
Se refletirmos rapidamente sobre os dados do PIB, PIB per capita e população dos municípios do Vale do Ivaí já podemos tirar algumas conclusões (ou dúvidas) acerca da trajetória do crescimento econômico. No período de 2010 a 2020 todos os municípios da região apresentaram taxas anuais positivas de crescimento do PIB a preços correntes. Porém, quando se desconta a inflação anual da taxa de crescimento nominal do PIB um município apresenta piora do indicador e outros dois municípios ficam com crescimento real anual muito baixo. E os que apresentaram crescimento econômico real significativo melhoraram os indicadores econômicos, sociais e ambientais?
Pois bem, sem planejamento econômico e social não é possível responder a estas questões. Muitos estudos e análises podem ser feitos para diagnosticar a situação econômica e social da região. O que não podemos é acreditar que as coisas estejam tão bem como nossos políticos falam sem uma demonstração científica disto.