ROGÉRIO RIBEIRO

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Narrativas e impactos econômicos

Da Redação

| Edição de 22 de julho de 2025 | Atualizado em 22 de julho de 2025

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De tempos em tempos, a economia passa por flutuações, atravessando períodos de retomada, forte crescimento, desaceleração, estagnação e recessão. Caso não haja, nesse ponto, uma ação capaz de romper essa trajetória descendente por meio de uma nova retomada, pode-se chegar a uma depressão. A essas flutuações, os economistas dão o nome de ciclos econômicos. Antigamente os ciclos podiam durar décadas, mas atualmente, os ciclos econômicos estão se tornando cada vez mais curtos, impulsionados pelas ondas de inovação e pela dinâmica de muitos mercados emergentes.

No entanto, também há flutuações causadas por fatores exógenos aos modelos econômicos. Esses fatores, geralmente resultantes de perturbações no ambiente político, podem ser influenciados por decisões políticas internas, tensões geopolíticas e até pelo comportamento de líderes locais, regionais ou internacionais.

É fácil compreender essas perturbações observando as atitudes de alguns líderes mundiais quando estavam no auge do poder. Desde Alexandre, o Grande, passando por Gengis Khan e Napoleão Bonaparte, até os líderes da era contemporânea, como Adolf Hitler, Winston Churchill e Getúlio Vargas. Mais recentemente, vivenciamos os efeitos das ações de Lula e Bolsonaro, no Brasil, e de Donald Trump, nos Estados Unidos.

Esses líderes têm a capacidade de influenciar os ciclos econômicos, alterando o rumo do fluxo e, em alguns casos, levando a economia de um momento de prosperidade diretamente para um período de recessão, em uma velocidade maior do que a habitual. E muitas vezes conseguem fazer isso apenas com suas atitudes e com a construção de suas narrativas. Atualmente, estamos vivenciando exatamente esse tipo de fenômeno. Com as narrativas do então presidente americano, Donald Trump, ameaçando outras nações a se submeterem à supremacia dos Estados Unidos, observamos mudanças significativas na conjuntura econômica internacional.

Por outro lado, em vez de recorrer à diplomacia, o presidente brasileiro, Lula, mantém-se firme em narrativas populistas e ideológicas, adotando uma postura de confronto em relação ao líder norte-americano e gerando grande insegurança para os brasileiros. Essa insegurança se reflete nos indicadores de confiança e de incerteza da economia brasileira, que vêm piorando mês a mês. Tudo isso ocorre em meio às disputas retóricas protagonizadas por líderes mundiais que, ao que parece, estão mais preocupados em impor suas vontades e fortalecer seus projetos de poder.

Com isso, estamos vivenciando um aumento nas expectativas de inflação para a economia brasileira, que pode ser potencializado caso o presidente Lula adote medidas de reciprocidade em relação aos produtos americanos, caso sejam mantidas as tarifas anunciadas por Trump. A economia brasileira já começa a dar sinais de desconfiança nos líderes mundiais: os saldos médios de depósitos à vista nos bancos estão diminuindo. Quando combinamos esse cenário com os indicadores de incerteza e de confiança, bem como com as expectativas em relação à conjuntura econômica, podemos afirmar com segurança que enfrentaremos tempos difíceis nos próximos meses, ou talvez até nos próximos anos.

E não se trata de pessimismo, mas de uma observação sistemática da realidade econômica a partir das narrativas e atitudes de nossos líderes. Basta lembrar que a economia brasileira ainda não se recuperou totalmente da crise fiscal provocada durante o segundo governo Dilma. Se os atuais líderes mundiais não conseguirem pacificar os ânimos por meio da diplomacia, teremos, sim, tempos difíceis pela frente.