ROGÉRIO RIBEIRO

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O fundo é mais embaixo

Da Redação

| Edição de 04 de outubro de 2022 | Atualizado em 04 de outubro de 2022

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A eleição passou. Mas ainda teremos o segundo turno e a continuidade das turbulências gerais. O processo eleitoral está afetando tudo em nossa sociedade. Está para além das questões políticas e comportamentais. Está afetando, como sempre acontece, a economia de forma geral.

É fato que os indicadores estão melhorando, o que significa que, de momento, já atingimos o fundo do poço. No começo do ano era esperado que nossa economia crescesse pífios 0,3%, o PIB agropecuário aumentasse em 3,0% e que teríamos uma inflação de 5,0% em 2022. Atualmente as expectativas mudaram e esperasse um crescimento da economia em torno de 2,80%, que o PIB agropecuário cresça 10,9% e que os preços subam 5,6%.

Há um cenário futuro favorável, se comparado com os últimos três anos. Sempre lembrando que neste período tivemos a crise econômica causada pela pandemia, porém não era de se esperar resultados extraordinários do governo de plantão e de sua equipe econômica.

Por mais que as pessoas que participam da equipe econômica sejam profissionais bem formados, competentes e de reputações ilibadas temos que considerar uma absoluta ausência de concepção e implementação de políticas econômicas que pudessem impactar de forma destacada nossos agregados, causando um período de prosperidade. Digo isto porque foi exatamente o que prometeram em 2018, por ocasião da campanha eleitoral.

Quando discuto esta temática com as pessoas percebo uma defesa intransigente das políticas “implementadas” por parte de algumas delas. Só que não consigo identificar nas narrativas ações robustas, somente arremedos de medidas que pouco (ou quase nada) surtiram de efeitos na economia. Esta discordância não significa que o governo não teve méritos em suas ações de política econômica, somente que poderiam fazer muito mais. Pelo menos um pouco do que prometeram. Só que não o fizeram.

A economia está melhorando porque o mundo está melhorando. Não é nada provocado pelo governo. Se podemos dar os méritos para algum segmento, temos que dar para os empreendedores brasileiros do lado da oferta e para os trabalhadores, do lado da demanda. Muito pouco fez o governo. Pouco, mesmo. Porque as políticas assistenciais foram necessárias e a maioria dos países as fizeram. Só copiaram.

Agora estamos caminhando para o segundo turno das eleições presidenciais e ainda não identificamos, de nenhum dos lados da disputa, um conjunto mínimo de propostas econômicas factíveis. Como os candidatos irão enfrentar os desafios econômicos do controle dos preços, do crescimento econômico e da geração de empregos? Vou além: como os candidatos pretendem (ou não) reduzir a pobreza e a extrema pobreza? Como pretendem erradicar a fome? Soma-se às questões econômicas o acesso a saúde e educação de qualidade e uma segurança pública que proteja a todos, tanto no ambiente urbano, quanto no rural.

Como podemos notar sobram problemas para serem resolvidos e faltam soluções, ou mesmo propostas de soluções, para estes problemas. Nenhum dos lados arrisca dizer, sequer insinuar, alternativas viáveis. Se limitam a defender as bandeiras ideológicas para atender os interesses dos respectivos séquitos e, o que é pior, sempre financiando com recursos públicos que o conjunto da sociedade terá que pagar.

Com efeito, o que teremos, independente do vencedor da eleição, é o aumento do endividamento público, a persistência de desequilíbrio das contas públicas e a manutenção da ineficiência do estado. Só temos que ter o cuidado para que não “cavem” ainda mais, aprofundando o fundo do poço.