ROGÉRIO RIBEIRO

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Sem rumo

Da Redação

| Edição de 30 de agosto de 2022 | Atualizado em 30 de agosto de 2022

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A inflação está demonstrando comportamento de queda. Pelo menos esta é a expectativa do mercado financeiro, que é divulgada semanalmente pelo Banco Central do Brasil (BCB). Este evento ocorrendo no período eleitoral é motivo para que os apoiadores do governo se “assanhem” e comecem a comentar que a política econômica do governo de plantão está surtindo efeitos. Mas que política econômica? Ela inexiste. Na realidade nunca ficou claro qual é a política econômica do atual governo.

Também não está evidente qual é a política econômica proposta para o próximo mandato, numa eventual reeleição. E isto não é exclusividade do atual inquilino do Planalto. O candidato que é apontado como líder nas pesquisas de intenção de votos também não tem uma proposta clara de política econômica. Como é possível se tomar uma decisão eficiente de voto sem as informações dos planos de governos propostos?

Voltando à questão da inflação temos que ela ficou bem acima do teto da meta para o ano de 2021, o que causou a necessidade do presidente do BCB apresentar uma carta aberta apontando as causas que levaram ao não cumprimento da meta de inflação bem como apresentar uma estratégia para que esta apresente uma convergência para a meta e o horizonte relevante de política monetária. Desde a implantação do sistema de metas de inflação, no ano de 1999, foram expedidas seis cartas abertas e tudo indica que teremos mais uma no início de 2023, explicando o descumprimento da meta no ano de 2022.

Cartas abertas em anos consecutivos não ocorriam desde 2003 e pode ser que tenhamos mais uma para explicar o descumprimento da meta para o ano de 2023, cuja expectativa atual está em 5,30%, levemente acima do teto da meta que é de 5%. Na carta aberta explicando o não cumprimento da meta do ano de 2021 é apontado que a inflação retorne para os limites da meta no ano de 2023, podendo ocorrer em 2022. Não ocorrerá em 2022 e ainda poderá ocorrer em 2023, como asseverado pelo presidente do BCB.

Embora não se identifique uma polític a econômica traçada num plano de governo o BCB tem como ferramenta natural para o combate da inflação a política monetária, que vem sendo utilizada sem restrições e sem preocupações em período pré-eleitoral, podendo, inclusive, termos aumento dos juros básicos da economia durante o período eleitoral, embora entenda que isto não deva ocorrer.

A inflação está desacelerando, porém ainda está acima da meta. O arrefecimento da inflação é motivado pela eficácia da política monetária, sim, mas também temos que considerar que o período de baixo crescimento e desemprego elevado (embora também em queda) contribuam para uma menor pressão sobre os preços, além de uma relativa normalização das cadeias globais de suprimentos, que também estão gerando a acomodação dos preços no mercado internacional, principalmente dos alimentos.

Mas insisto na inexistência de um plano de governo dos principais candidatos que apresente de forma clara quais são as suas principais metas e ações para a área econômica nos próximos quatro anos. Como pretendem combater a inflação? Como pretendem gerar empregos? Como pretendem promover o crescimento econômico? Qual é a política proposta para o aumento da renda média real dos brasileiros? Nada disto está sendo apresentado de forma objetiva.

Pelo que tudo indica, mais uma vez, iremos escolher o comandante da nação sem a apresentação de um plano de governo factível. E o mais espantoso é que não vemos uma cobrança, nem mesmo uma preocupação por parte dos eleitores para esta ausência. Lamentável.