O ano de 2025 já começou, e as perspectivas econômicas não são nada animadoras. A conjuntura se apresenta desafiadora, marcada por inflação persistente, câmbio pressionado, endividamento público elevado e um crescimento econômico insuficiente para atender às demandas de uma sociedade cada vez mais desigual. Superar esses desafios exigirá assertividade por parte das autoridades econômicas e uma transformação na forma como o setor público planeja e executa suas ações.
A inflação, deverá fechar 2024 em torno de 4,9% e deverá permanecer elevada, aproximando-se de 5% ao longo de 2025. Ainda mais preocupante é a inflação dos alimentos, que em 2024 chegou a 8,6% e tem previsão de 6,6% para este ano. Esses números escancaram o impacto desproporcional sobre as famílias mais pobres, para as quais o custo da alimentação consome a maior parte da renda. Neste cenário, a inação dos governos seria uma negligência imperdoável.
O câmbio, por sua vez, segue pressionado, encarecendo insumos e produtos importados, o que alimenta ainda mais a espiral inflacionária. Para conter essa dinâmica, a política monetária continuará a depender de juros básicos elevados, penalizando o crédito e o consumo. No entanto, a solução não se restringe a juros altos: o ajuste fiscal também precisa ser enfrentado com seriedade. Governos que gastam mais do que arrecadam comprometem não apenas o equilíbrio das contas públicas, mas também a capacidade de atrair investimentos, dado o aumento da percepção de risco. É preciso cortar despesas desnecessárias e aumentar a eficiência dos gastos, priorizando áreas que geram retorno social e econômico.
No entanto, mesmo com ajustes, o crescimento econômico previsto para 2025 deverá ser pífio. O PIB deve avançar de forma simbólica, insuficiente para gerar empregos em escala significativa ou melhorar a renda da população. A situação se torna ainda mais grave diante da baixa atratividade do país para investimentos estrangeiros. Sem reformas estruturais e segurança jurídica, o Brasil continuará sendo uma promessa não cumprida para o capital internacional.
Com esse cenário, o papel do setor público se torna central, mas também exige uma mudança de paradigma. O planejamento, tão negligenciado em muitas administrações, precisa ser encarado como prioridade. Governos precisam abandonar o improviso e adotar práticas modernas de gestão, com metas claras, indicadores de desempenho e transparência. A máxima da economia — recursos escassos versus necessidades ilimitadas — nunca foi tão atual, especialmente nos municípios, onde a má gestão foi a regra e não exceção.
É preciso repensar a lógica do gestor político que prioriza emendas parlamentares e interesses eleitorais imediatos em detrimento de políticas públicas estruturantes. Essa prática perpetua o abismo social e mantém o país refém de um ciclo de ineficiência e desigualdade. Planejamento sem ação é inútil, e ações sem planejamento são desastrosas. Precisamos romper com essa inércia.
A busca pela eficiência não é apenas uma necessidade, mas uma obrigação ética. Governos precisam investir em tecnologia e capacitação, eliminar desperdícios e adotar modelos que valorizem resultados. Cada real desperdiçado é uma oportunidade perdida de melhorar a vida de milhões de brasileiros. O ano de 2025 será um ano de provações, mas também de oportunidades. A crise pode ser um momento de transformação. Cabe aos gestores públicos abandonar a mediocridade administrativa e enfrentar os desafios com planejamento, coragem e responsabilidade.