ECONOMIA

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Com tarifaço, desafio de exportadores é encontrar novos mercados

(via Agência Brasil)

| Edição de 06 de agosto de 2025 | Atualizado em 06 de agosto de 2025

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O aumento das tarifas de importação nos Estados Unidos, que entrou em vigor nesta quarta-feira (6), ainda está gerando incertezas para trabalhadores e empresários brasileiros. Mais de três mil itens serão afetados por essa sobretaxa, o que exige uma rápida adaptação das empresas envolvidas.

Entre as estratégias imediatas, estão a gestão de estoques, o envio acelerado de embarques e a redução da produção. No entanto, uma solução a longo prazo pode ser a busca por novos mercados para a exportação. Essa transição, contudo, não é imediata e requer preparações específicas.

Este movimento em direção a novos mercados conta com o apoio de um ecossistema público-privado, incluindo ministérios como o do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o da Agricultura e Pecuária (MAPA), a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), o SEBRAE, além de associações comerciais e entidades de promoção de comércio.

Esforços Conjuntos

Durante uma coletiva de imprensa, Jorge Viana, presidente da APEX, destacou o papel colaborativo da agência, que já apoia 2,6 mil das 9 mil empresas brasileiras que exportam para os Estados Unidos. Segundo ele, mudanças são inevitáveis com as novas estratégias das empresas.

"Setores como o de produtores de mel precisarão de apoio urgente, pois atualmente exportam exclusivamente para os Estados Unidos. Vamos incluí-los em todas as políticas de apoio", afirmou Viana.

Viana também mencionou que o apoio governamental deve ser anunciado em breve, com elementos semelhantes aos do apoio emergencial prestado às empresas afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul, em 2024.

Negociações e Diplomacia

A Apex planeja abrir um escritório em Washington para negociar diretamente com o governo americano, complementando o trabalho dos serviços consulares e a pressão das empresas locais. Viana enfatizou que a tarifação de 50% não tem motivação comercial, mas sim política, e que a Apex está empenhada em criar novas alternativas de mercado para os produtos brasileiros.

Os dados da ApexBrasil indicam que, entre janeiro e março deste ano, o Brasil exportou US$ 77,3 bilhões em bens, um valor ligeiramente inferior aos US$ 77,7 bilhões do mesmo período de 2024. O saldo comercial foi positivo em US$ 10 bilhões, com destaque para produtos como petróleo bruto, soja, minério de ferro e café verde.

Desafios e Oportunidades

O caminho diplomático ainda é uma opção para reduzir as tarifas impostas pelos Estados Unidos. Recentemente, o governo Trump isentou uma lista de 700 produtos, indicando alguma abertura para negociações.

Raphael Jadão, advogado especializado em arbitragem e resolução de disputas comerciais, destacou que a flexibilização das tarifas é uma oportunidade para o Brasil diversificar suas exportações e reduzir a dependência do mercado americano. Ele ressaltou a importância do diálogo e das negociações para evitar uma escalada de tensões comerciais.

A concentração das exportações brasileiras em poucos países é um ponto de preocupação. Atualmente, 50% das exportações são destinadas a cinco países, com 12% indo para os Estados Unidos. Bruno Meurer, da Next Shipping, alertou para os riscos dessa dependência, especialmente em setores como o de carne bovina, que enfrentará uma taxação adicional de 40%.

Exploração de Novos Mercados

A busca por novos mercados envolve desafios culturais, comerciais e burocráticos. Stefânia Ladeira, especialista em comércio exterior, explicou que a adaptação a novos mercados pode ser complexa, mas também oferece oportunidades, como a certificação Halal para exportações para países muçulmanos.

Os acordos internacionais de comércio são fundamentais para explorar essas oportunidades. Diego Joaquim, advogado especializado em direito aduaneiro, destacou que a redução tarifária mútua em acordos de complementação econômica pode facilitar a entrada em novos mercados, desde que as características operacionais e legais de cada país sejam respeitadas.



Com informações da Agência Brasil