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Furto de combustível em dutos volta a subir depois de seis anos

(via Agência Brasil)

| Edição de 15 de agosto de 2025 | Atualizado em 15 de agosto de 2025

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Os furtos de combustíveis nos dutos da Transpetro, que haviam diminuído significativamente desde 2019, voltaram a crescer em 2025. A Transpetro, maior operadora de dutos do Brasil, divulgou um levantamento que revela essa tendência preocupante.

Até 30 de junho de 2025, foram registrados 17 casos, com uma média mensal de 2,83 furtos. Em 2024, foram 25 casos ao longo do ano, resultando em uma média mensal de 2,08. Isso representa um aumento de 36% na média mensal.

A Transpetro descreve esses furtos como "derivações clandestinas" de combustível, onde criminosos perfuram as estruturas subterrâneas para desviar produtos líquidos das tubulações. Em fevereiro, uma operação no Rio de Janeiro identificou Vinícius Dumond como líder de uma quadrilha envolvida nesses crimes.

A Transpetro gerencia uma rede logística de 8,5 mil quilômetros de dutos em todo o Brasil. Essa extensão é comparável a uma linha reta de Porto Alegre a Natal, ida e volta. Os dutos transportam petróleo e derivados, como gasolina e diesel, sendo os oleodutos a principal via para levar o petróleo às refinarias.

Além do impacto financeiro, os furtos em dutos podem causar desabastecimento regional, danos ambientais e riscos à segurança das comunidades próximas.

Os dados da companhia mostram que o recorde de ocorrências foi em 2018, com 261 casos identificados. Nos dois anos seguintes, os casos ficaram em torno de 200, caindo para 102 em 2021. A Transpetro não divulga o valor dos prejuízos causados pelos furtos.

Evolução dos casos ano a ano:
2018 261
2019 203
2020 202
2021 102
2022 58
2023 28
2024 25
2025 17 até junho

Prevenção e segurança

A Transpetro investe anualmente R$ 100 milhões para reforçar a segurança ao longo de sua rede de dutos.

Segundo Júlio Barreto, gerente executivo de Proteção de Dutos da Transpetro, mesmo com a redução dos casos nos últimos anos, os furtos ainda são motivo de preocupação, pois uma única derivação clandestina pode causar danos ambientais ou afetar pessoas.

Barreto explicou que a redução mais acentuada no início da década se deve à criação do Centro de Controle de Proteção de Dutos, que opera 24 horas por dia, monitorando ações de terceiros nas faixas de dutos.

A empresa adota uma estratégia integrada para minimizar os furtos, que inclui:

  • Uso de tecnologias para rápida detecção remota de vazamentos;
  • Equipes de inspeção especializadas;
  • Parcerias com ministérios públicos e órgãos de segurança;
  • Conscientização das comunidades vizinhas sobre a importância de reportar atividades suspeitas.

Ao proteger a integridade dos dutos, a Transpetro destaca que esse meio de transporte evita 99,5% das emissões de gases de efeito estufa em comparação ao transporte rodoviário. Um único dia de transporte por dutos equivale a retirar mais de 20 mil caminhões-tanque das rodovias.

Disque 168

A Transpetro oferece o Disque 168, um serviço telefônico gratuito e anônimo para denúncias, disponível 24 horas por dia. O número é uma referência ao 16 de agosto, data escolhida para atividades de conscientização em várias localidades.

No dia 16, serão realizadas ações em estados como Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe, oferecendo serviços à população, como emissão de documentos, vacinas, aferição de pressão e glicose, além de apresentações culturais.

Perfil dos criminosos

Os criminosos que atuam nesse tipo de furto precisam de certo grau de especialização, pois é necessário conhecimento para perfurar as tubulações e extrair o combustível. Operações já flagraram quadrilhas usando caminhões-tanque avaliados em R$ 300 mil.

Esses furtos geralmente ocorrem em áreas remotas e durante a noite, para evitar detecção. Em alguns casos, os criminosos camuflam os dutos perfurados para que o crime não seja percebido no dia seguinte. Há quadrilhas que chegam a alugar imóveis próximos aos dutos para cavar túneis até a estrutura.

A Transpetro utiliza equipes especializadas para detectar sinais de irregularidade, além de drones e ferramentas de inteligência artificial (IA) para prevenção e combate.

Legislação

A Transpetro defende uma melhor tipificação e repressão do crime de adulteração clandestina pela legislação. Quatro projetos de lei (PLs) estão em tramitação no Congresso.

  • PL 8.455/2017 e PL 1.482/2019: tipificam o crime;
  • PL 131/2021: transforma em crime hediondo;
  • PL 828/2022: aumenta as penas previstas no Código Penal.

Barreto destaca que o PL 8.455 busca endurecer a pena para quem comete esse delito, atualmente comparável ao furto comum.

“A Transpetro acompanha atentamente os PLs relacionados ao tema e está à disposição para contribuir tecnicamente com o debate”, afirma.



Com informações da Agência Brasil