Uma disputa acirrada pelo mercado automobilístico brasileiro está em curso, colocando a fabricante chinesa BYD em confronto direto com gigantes como Toyota, General Motors, Volkswagen e Stellantis. Essas montadoras, representadas pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que atua há mais de sete décadas no Brasil, enviaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, manifestando suas preocupações.
Na carta, as empresas expressam que investimentos e empregos podem estar ameaçados caso o governo atenda ao pedido da BYD para reduzir temporariamente a tarifa de importação de carros desmontados, especialmente veículos elétricos ou híbridos. A Anfavea argumenta que a importação de peças desmontadas não seria uma transição para um novo modelo de industrialização, mas sim um padrão que poderia se consolidar, reduzindo a produção nacional.
A indústria automobilística planeja investir R$ 180 bilhões nos próximos anos, mas teme que esse ciclo de fortalecimento seja prejudicado se o incentivo à importação de veículos desmontados for aprovado. Em resposta, a BYD criticou a posição das montadoras, acusando-as de resistirem à inovação e à abertura do mercado brasileiro.
A BYD defende que o que é chamado de prática desleal pelas concorrentes é, na verdade, apenas concorrência. A empresa chinesa destaca que está acelerando a produção, reduzindo preços e popularizando os carros elétricos entre a classe média, o que estaria incomodando as montadoras tradicionais.
Discussões na Camex
O Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex) está discutindo os pleitos das montadoras. Enquanto a Anfavea quer antecipar a elevação das tarifas de importação de 2028 para 2026, a BYD pede a redução temporária do imposto, alegando necessidade de tempo para nacionalizar a produção.
Posição da BYD
A BYD argumenta que a redução temporária do imposto é razoável, pois não faz sentido aplicar a mesma tributação sobre veículos completamente prontos e sobre aqueles que são montados no país. A empresa afirma que a redução das tarifas seria apenas enquanto as obras da fábrica em Camaçari (BA) não são concluídas.
Produção Local
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, explicou que o governo está discutindo possíveis mudanças na transição para a elevação das tarifas de importação de carros elétricos ou híbridos. A estratégia do governo é aumentar gradualmente a alíquota de importação, que atualmente é de 0% para veículos elétricos e híbridos, até chegar aos 35% aplicados aos demais veículos importados.
Alckmin destacou que várias empresas estão abrindo fábricas no Brasil, como a chinesa GWM em Indianópolis (SP) e a BYD em Camaçari (BA). Uma hipótese em estudo é ampliar a cota de isenção para importação, permitindo tempo para a nacionalização da produção.
O governo pode decidir por uma solução intermediária, antecipando a alíquota de 35% para 2026, atendendo parcialmente o pleito da Anfavea, enquanto estabelece uma cota de isenção até 1º de julho de 2026. Essa proposta será discutida no Gecex e posteriormente na Camex.
Com informações da Agência Brasil