A Petrobras está retomando seus investimentos na indústria naval na Bahia, com planos para construir seis embarcações de apoio marítimo offshore. Essas embarcações serão fabricadas no estaleiro Enseada, localizado em Maragogipe, no Recôncavo Baiano, a cerca de 130 quilômetros de Salvador.
O anúncio foi feito em um evento na região, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do governador Jerônimo Rodrigues, da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, além de ministros e centenas de trabalhadores do estaleiro.
Durante o evento, Lula enfatizou a importância da recuperação da indústria naval brasileira, criticando a paralisação do estaleiro e destacando o impacto negativo para a população brasileira.
Na mesma manhã, Lula participou da inauguração de uma nova fábrica de veículos elétricos e híbridos da chinesa BYD em Camaçari, na antiga fábrica da Ford, fechada em 2021.
Detalhes do Investimento
As embarcações, conhecidas como ORSV (Oil Spill Response Vessel), são especializadas no controle de vazamentos em alto-mar. Elas serão construídas pela empresa de navegação CMM Offshore Brasil e posteriormente utilizadas pela Petrobras.
O investimento total é estimado em R$ 2,58 bilhões, com um prazo de quatro anos para a construção e 12 anos de operação para cada contrato. A construção deve gerar mais de 5,4 mil empregos diretos e indiretos, com uma exigência de 40% de conteúdo local nos componentes utilizados.
Magda Chambriard destacou que a Petrobras não fazia demandas à indústria naval brasileira há oito anos, e que a retomada das atividades é de grande importância.
Renovação da Frota Naval
A presidente da Petrobras informou que a companhia já contratou 44 das 48 embarcações planejadas para fabricação no Brasil, em diversos estaleiros. Esses barcos, de porte médio a grande, devem gerar 44 mil empregos e R$ 23 bilhões em investimentos, segundo o Ministério de Minas e Energia.
As embarcações construídas na Bahia serão equipadas com um sistema de propulsão híbrida, que combina motores elétricos e baterias com geradores movidos a diesel e biodiesel, com possibilidade de conversão futura para etanol, reduzindo em até 25% as emissões de CO2.
Investimentos no Setor Naval
O Ministério de Portos e Aeroportos anunciou um investimento de R$ 611,7 milhões para a construção de 80 embarcações, com R$ 550,5 milhões provenientes do Fundo da Marinha Mercante (FMM). Este financiamento tem potencial para gerar mais de 2 mil empregos diretos. Até agora, quatro embarcações foram construídas e outras três estão em fabricação.
O Fundo da Marinha Mercante, mantido pelo governo federal, financia a renovação e reparação de embarcações.
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, celebrou a criação de quase 7 mil empregos diretos no Estaleiro Enseada, destacando a importância da mão de obra local.
Fábrica de Fertilizantes
A Petrobras também anunciou a retomada das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados da Bahia e de Sergipe (Fafen-BA e Fafen-SE), com início das atividades previsto para janeiro. As plantas produzirão amônia, ureia perolada e ARLA-32, e incluem a operação dos Terminais Marítimos de Amônia e Ureia no Porto de Aratu, em Candeias, Bahia.
O investimento para a retomada da unidade na Bahia é de R$ 38 milhões, com a expectativa de gerar 750 empregos diretos. Valores semelhantes são previstos para a planta em Sergipe.
Essas fábricas, junto com a Araucária Nitrogenados S.A (ANSA) no Paraná, responderão por 20% da produção de fertilizantes consumida pelo setor agrícola brasileiro. Uma nova fábrica em construção no Mato Grosso deve elevar a produção nacional para 35% da demanda nos próximos anos.
Na Bahia, um protocolo de intenções foi assinado para que a Petrobras utilize o canteiro de obras de São Roque do Paraguaçu para o acostamento de plataformas de petróleo, que poderão ser descomissionadas e reconstruídas no local, gerando novos empregos. O protocolo também prevê o uso da área para apoiar a construção da Ponte Salvador-Itaparica.
Com informações da Agência Brasil