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Futsal feminino desiste da Série Ouro por falta de apoio

Fernando Klein

| Edição de 01 de março de 2023 | Atualizado em 01 de março de 2023
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Enquanto o time masculino do Apucarana Futsal está investindo em contratações para a Série Prata do Campeonato Paranaense da modalidade e fazendo amistosos com equipes importantes, como o Cascavel e o Corinthians, a Associação Feminina de Futsal de Apucarana (AFFA) confirmou ontem a sua desistência da Série Ouro por falta de patrocínio.

Campeãs da Série Prata em 2022, com grande campanha, as meninas estão arrasadas com a ausência de apoio em Apucarana. Elas lamentam as desigualdades entre homens e mulheres no futsal, citando como exemplo os patrocínios obtidos pelo Apucarana Futsal, que mesmo na Série Prata tem mobilizado a cidade.

Muitas meninas do time vão abandonar as quadras. É o caso da ala Ana Guedes, que decidiu procurar um esporte individual para praticar. “Jogo futsal desde os 11 anos e o que está acontecendo é muito decepcionante, uma falta de respeito com o esporte feminino. Estamos tendo que desistir dos nossos sonhos”, diz.

Ela afirma que a desigualdade entre homens e mulheres ocorre em toda a sociedade e também no esporte. “Esse time lutou muito no ano passado para conquistar a Série Prata, mas não conseguiu renovar os patrocínios. Para jogar a competição este ano, nós precisávamos de mais recursos. Infelizmente, não conseguimos o apoio necessário”, comenta a jogadora.

Mesmo tristes, as meninas pensaram em, ao menos, disputar a Série Prata novamente em 2023. “Mas a gente pensou: por que jogar de novo? Qual a motivação de viajar todo final de semana, de ficar longe da família, se depois não há o devido reconhecimento?”, questiona. 

Ela lembra que trajetória vitoriosa do ano passado já foi marcada por grandes dificuldades. As jogadoras não recebiam ajuda de custo e a maioria tinha emprego fixo, com dificuldades para treinar e viajar.

O técnico Adenilsom de Souza assinala que o time arrecadava R$ 800 mensais no ano passado e fez um planejamento para buscar R$ 25 mil por mês em 2023 para garantir uma estrutura próxima da profissional para viagens e ajuda de custos às atletas. A equipe, no entanto, não conseguiu avançar nas tratativas de patrocínio e abriu mão da vaga na elite do futsal paranaense. 

“As meninas estão tristes e revoltadas com a falta de apoio”, reforça. O treinador vê machismo nessa situação. “Fica clara a desigualdade entre homens e mulheres”, opina, fazendo relação com o apoio que os homens vêm obtendo mesmo na Série Prata.

O time contava com um grupo de 20 jogadoras, quase todas de Apucarana. Algumas vão persistir no sonho do futsal e disputar a Série Prata por outras equipes em 2023. (FERNANDO KLEIN)