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Protesto de time feminino de futsal gera repercussão

Da Redação

| Edição de 08 de março de 2023 | Atualizado em 08 de março de 2023
Jogadoras da equipe de Apucarana protestam no Dia da Mulher
Jogadoras da equipe de Apucarana protestam no Dia da Mulher

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O protesto realizado pelas jogadoras da Associação Feminina de Futsal de Apucarana (AFFA), que desistiram da Série Ouro do Campeonato Paranaense de Futsal em 2023 por falta de patrocínio, gerou ontem repercussão nacional. Elas divulgaram nas redes sociais, no Dia Internacional das Mulheres, uma publicação com uma mensagem contra o machismo. 

Seis atletas e o técnico do time posaram sem a parte de cima do uniforme, com a frase “se não tivéssemos peitos, vocês nos apoiariam?”. Na legenda do post, as representantes da equipe compartilharam ainda a frase: “Ser mulher é ser guerreira sem ter outra escolha. A diferença de gênero é o vento que nos empurra pra trás na corrida pelos nossos direitos”. A foto foi tirada na quadra do Ginásio de Esportes Lagoão, onde as meninas disputaram a Série Prata de 2022 e foram campeãs. 

Uma das jogadoras que participaram do manifesto é a ala Ana Guedes, que afirmou que a foto serve para gerar uma reflexão na sociedade em relação ao que elas passaram. “O objetivo dessa foto é gerar uma reflexão nas pessoas. A nossa luta hoje é por igualdade, a gente luta hoje para que amanhã sua filha, sobrinha, neta, uma mulher que seja da sua família não tenha que passar o que estamos passando, que ela possa desfrutar de uma coisa boa. A gente sabe que não foi fácil durante esses 12 anos. O pior de tudo é que aqui na cidade a desigualdade com as mulheres não está escondida, está escancarada, só não vê quem não quer”, disse.

Ana ressalta que ficou um sentimento de tristeza e indignação após a desistência da equipe apucaranense no ano que disputariam a primeira divisão do Paranaense. “Quando tudo aconteceu, não pedimos coisas absurdas para que o projeto tivesse continuidade. O que a cidade queria era um time na Série Ouro e a gente alcançou esse objetivo, mas não foi válido porque somos mulheres. Eles queriam muito um time na Ouro, mas não era o feminino. Porque somos mulheres não tivemos a mesma visibilidade. Muitas vezes temos que nos esforçar duas ou três vezes mais, conciliar trabalho e coisas pessoais com os treinos para podermos obter os resultados, e mesmo assim conseguimos. É triste que a gente teve que abrir mão de um sonho construído há mais de 10 anos”, lamentou Ana. (Com reportagem de Vítor Flores)

Time masculino se manifesta 

Após a grande repercussão do protesto feito pelas jogadoras da Associação de Futsal Feminino de Apucarana (AFFA), o presidente do Apucarana Futsal, Danylo Acioli, se manifestou em defesa da equipe masculina.

De acordo com Danylo, a Prefeitura de Apucarana jamais ajudou seu time financeiramente e, em contraponto, apoiou a AFFA através de meio de transporte e espaço para mandar os jogos. “A prefeitura cobra uma taxa do masculino, como cobra de outras instituições, para usarmos o Ginásio Lagoão. Do feminino não foi cobrado. A prefeitura fornece ônibus e o ginásio. Nunca deram dinheiro para o masculino”, comenta o presidente.

Segundo ele, o aporte recebido pelo Apucarana Futsal, que disputa a Série Prata, vem apenas do poder privado. “Nós precisamos correr atrás de todos eles [patrocínios], fomos em mais de 40 empresas e tomamos mais de 30 nãos. Foi feito sukiyaki, rifa, foi feito o que tem que ser feito. Não estamos esbanjando dinheiro, perdemos um patrocínio forte esse ano, mês a mês corremos atrás para viabilizar o projeto”, ressalta Danylo.

Ainda conforme Danylo, o Apucarana Futsal conseguiu a aprovação junto à lei de incentivo ao esporte, em que receberão um auxílio do governo federal. A equipe feminina fez parte do Apucarana Futsal em 2021, mas em 2022 os times se separaram e então foi criada a AFFA.