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São Silvestre 2025 tem número recorde de participação de mulheres

(via Agência Brasil)

| Edição de 30 de dezembro de 2025 | Atualizado em 30 de dezembro de 2025
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Completando sua centésima edição, a Corrida Internacional de São Silvestre atinge novos patamares. Este ano, 55 mil corredores de 44 países se inscreveram para participar da mais tradicional corrida de rua do Brasil, estabelecendo um recorde histórico. Além disso, a participação feminina também bateu recordes, representando 47% do total de inscritos.

O crescimento da presença feminina na corrida mais tradicional do país foi comemorado por atletas de destaque no esporte brasileiro. Durante uma coletiva de imprensa realizada na manhã de hoje (30), em São Paulo, a atleta Nubia de Oliveira, que foi a melhor colocada na São Silvestre no ano anterior, expressou que esse aumento na participação feminina a motiva ainda mais para vencer a prova amanhã.

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São Paulo (SP), 30/12/2025 - A corredora brasileira Núbia de Oliveira, durante entrevista coletiva dos atletas de elite da 100ª Corrida de São Silvestre. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil - Paulo Pinto/Agência Brasil

"A São Silvestre tem 100 anos de história e, nos últimos anos, o número de mulheres participantes cresceu muito. No passado, essa participação era proibida para nós. Foi apenas a partir de 1975 que as mulheres puderam competir na São Silvestre", comentou Nubia.

"Todas as mulheres que já participaram da São Silvestre, e aquelas que foram campeãs, me inspiram e motivam. Assim como nós, que agora estamos neste cenário, inspiramos outras mulheres a participarem da prova", acrescentou.

Para Nubia, a corrida de rua tem crescido significativamente, "então este é um momento em que a mulher se reencontra e supera seus desafios, porque não temos limites. Nós mesmos impomos nossos limites, e a corrida demonstra isso: superação e determinação a todo momento", destacou.

Outra atleta brasileira, Jeane dos Santos, também exaltou o aumento da participação feminina na São Silvestre.

"Não esperava estar participando da centésima São Silvestre hoje. E agora me vejo neste cenário lindo, que me tirou da depressão e de uma crise de ansiedade", confessou.

"Na minha cidade, Santo Antônio de Jesus, na Bahia, sou uma referência para todas as mulheres. Muitas me enviam mensagens dizendo que começaram a correr por minha causa", disse a atleta.

"Hoje, a corrida é uma libertação para nós, mulheres. Quando começo a correr ou vou treinar, esqueço do mundo, esqueço de tudo e me sinto livre. É isso que nós, mulheres, devemos sentir: sermos livres", completou Jeane.

Tabu

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São Paulo (SP), 30/12/2025 - A corredora brasileira Jeane dos Santos, falou da importância de correr para a sua saúde: "Hoje eu me vejo nesse cenário lindo, que me tirou da depressão. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil - Paulo Pinto/Agência Brasil

Embora estejam prontas e bem preparadas para a prova de amanhã, Núbia e Jeane sabem que não será fácil quebrar o tabu de vitórias brasileiras na São Silvestre, que persiste desde 2006. Um dos desafios será superar as quenianas, que têm dominado o pódio desde 2016.

A queniana Cynthia Chemweno, que ficou em segundo lugar no ano passado, será uma das adversárias amanhã. "Estou muito orgulhosa de representar meu país e amanhã vou voar", prometeu durante a entrevista.

"Correr no Brasil é muito bacana porque as pessoas, ao longo do percurso, saúdam os atletas. Isso traz muita alegria e me sinto muito bem correndo aqui", destacou.

Outra adversária das brasileiras é a atleta da Tanzânia, Sisilia Ginoka Panga. Ela revelou que esta é sua primeira vez no Brasil, está adorando o clima e a energia de São Paulo, e está pronta para correr. "Me preparei bem nesse período e, com certeza, vou fazer uma boa corrida", afirmou.

Jeito africano e jeito brasileiro

No masculino, a última vitória de um atleta brasileiro na São Silvestre foi em 2010, com Marilson Gomes dos Santos. Desde então, o domínio quase exclusivo é dos atletas africanos.

Johnatas Cruz, o brasileiro melhor colocado nas duas últimas edições da São Silvestre, destacou a diferença na forma de competir entre africanos e brasileiros. Segundo ele, enquanto os africanos treinam e correm de forma coletiva, os brasileiros valorizam a individualidade. Em sua opinião, "se esse jeito brasileiro de correr não for alterado", dificilmente o Brasil voltará ao topo da prova.

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São Paulo (SP), 30/12/2025 - O corredor brasileiro Johnatas Cruz, destacou a forma de competir dos africanos na comparação com os brasileiros. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil - Paulo Pinto/Agência Brasil

"Acredito que isso será um divisor de águas para começarmos a não só ganhar a São Silvestre, mas também outras competições de nível como a São Silvestre no Brasil. Correr em grupo é muito importante. Correr em grupo com seu compatriota, com o colega do mesmo país, com o colega da mesma equipe, ajuda muito. Sabemos que apenas um vai ganhar, mas o máximo possível que pudermos ajudar uns aos outros durante o percurso, isso ajudaria muito mais do que correr individualmente e cada um traçar sua própria estratégia", afirmou.

O também brasileiro Wendell Jerônimo Souza concorda. "É muito importante ter um grupo, no início da prova, mais cadenciado de brasileiros. E no mesmo ritmo, de preferência. Às vezes é meio complicado porque nem todos estarão leves no dia da prova. A prova é assim, com altos e baixos e variações, com plano, descida e subida. Mas se houver uma possibilidade, se houver grupo, pode-se chegar mais adiante e fazer uma prova diferente", destacou.

O queniano "quase brasileiro" Wilson Maina, que diz adorar o país, comentou sobre essa diferença na forma de correr a São Silvestre, que nos últimos anos tem favorecido os atletas africanos. "O segredo dos africanos hoje em dia é treinar juntos e ter amor [pelo seu companheiro de corrida]", explicou.

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São Paulo (SP), 30/12/2025 - O corredor queniano Wilson Marina, revela o que leva os africanos a vencerem tantas corridas: "O segredo dos africanos hoje em dia é treinar juntos e ter amor [pelo seu companheiro de corrida]". Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil - Paulo Pinto/Agência Brasil

"O mais importante, dentro do treinamento, é existir amizade entre os atletas. Isso é o que faz com que possamos ir para a frente", completou Joseph Panga, da Tanzânia.

Segundo Maina, a principal diferença entre os atletas brasileiros e os africanos é, de fato, essa união. "O brasileiro treina muito sozinho. O queniano treina junto. E essa coisa de estar em grupo é muito mais fácil. Quando você está só, você tem que superar algumas outras dificuldades sozinho".

A corrida

A centésima edição da Corrida Internacional de São Silvestre acontece na manhã desta quarta-feira (31) e encerra o calendário esportivo brasileiro. A programação começa às 7h25, com a largada da categoria Cadeirantes. Em seguida, às 7h40, será a vez da Elite A e B feminina. Às 8h05 será a vez dos corredores da Elite A e B masculina, pessoas com deficiência e Pelotão Premium masculino e feminino. Em seguida, o pelotão geral.

Desde 1991, o percurso da São Silvestre tem 15 quilômetros. Com pequenos ajustes ao longo deste tempo, atualmente o trajeto passa por pontos turísticos de São Paulo, com largada na Avenida Paulista, número 2084, passando pela famosa subida da Avenida Brigadeiro Luiz Antônio e chegada em frente ao prédio da Fundação Cásper Líbero, também na Avenida Paulista, no número 900.



Com informações da Agência Brasil