O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, admitiu que a Operação Contenção, conduzida pelas forças de segurança nos complexos do Alemão e da Penha, ultrapassou os limites e competências do governo estadual. "Estamos cientes de que estamos excedendo nossas competências, mas continuaremos a fazê-lo. E, se necessário, iremos além, em nossa missão de servir e proteger nosso povo", afirmou Castro ao apresentar um balanço preliminar da operação. Até o momento, foram registradas 64 mortes, incluindo quatro policiais, além de mais de 80 prisões e a apreensão de 75 fuzis, pistolas e granadas.
Ao justificar a operação, o governador pediu mais apoio federal no combate às organizações criminosas que atuam no Rio de Janeiro e em outras partes do Brasil. Segundo Castro, o estado está "sozinho nesta guerra".
"Esta operação tem pouco a ver com segurança pública. Trata-se de uma operação de defesa. Esta é uma guerra que ultrapassa os limites que o estado deveria enfrentar sozinho. Para uma guerra como esta, que nada tem a ver com segurança urbana, deveríamos ter um apoio muito maior, talvez até das Forças Armadas", sugeriu Castro, referindo-se ao poder bélico e financeiro das organizações criminosas.
De acordo com o governador, a ação foi planejada ao longo de seis meses, resultado de mais de um ano de investigações, com aval do Poder Judiciário e acompanhamento do Ministério Público do estado. No entanto, o governo não solicitou apoio federal, pois pedidos anteriores foram negados.
"Solicitamos blindados militares algumas vezes, mas todos os pedidos foram negados. Desta vez, não pedimos por já terem sido negados anteriormente. Disseram que, para isso, seria necessário decretar uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), o que requer um decreto presidencial. Como o presidente Lula já se manifestou contra as GLOs, entendemos a realidade e não vamos lamentar", afirmou o governador. "Espero que isso sirva de exemplo de que precisamos de mais integração."
O Ministério da Defesa confirmou que, em janeiro, o governo do Rio solicitou à Marinha apoio logístico com o empréstimo de veículos blindados. O pedido foi submetido à Advocacia-Geral da União (AGU), que indicou que só poderia ser atendido com a decretação de uma GLO.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública destacou que, desde 2023, agentes da Força Nacional de Segurança Pública estão no Rio, apoiando ações estaduais. Em 2025, a Polícia Federal realizou 178 operações no estado, apreendendo 190 armas e 10 toneladas de drogas. A Polícia Rodoviária Federal intensificou operações contra roubo de cargas e veículos nas rodovias federais.
"Nos últimos anos, o Rio de Janeiro recebeu recursos federais para investir no sistema penitenciário e na segurança pública", acrescentou o Ministério da Justiça. Entre 2016 e 2024, mais de R$ 99 milhões do Fundo Penitenciário Nacional foram repassados ao estado, que utilizou cerca de R$ 39 milhões. Do Fundo Nacional de Segurança Pública, foram transferidos quase R$ 288 milhões entre 2019 e 2025, dos quais apenas R$ 157 milhões foram executados.
"Estamos empenhados em combater o crime de forma cooperativa e integrada. Esse é mais um exemplo de integração federativa que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública pretende colocar em prática", assegura o ministério.
Com informações da Agência Brasil