GERAL

min de leitura

Mulheres veem no Natal a data para deixar a saudade e unir a família

(via Agência Brasil)

| Edição de 24 de dezembro de 2025 | Atualizado em 24 de dezembro de 2025
Imagem descritiva da notícia Mulheres veem no Natal a data para deixar a saudade e unir a família

Fique por dentro do que acontece em Apucarana, Arapongas e região, assine a Tribuna do Norte.

Maria dos Navegantes, uma diarista de 51 anos, enfrenta o desafio de atravessar um mar de cadeiras e esperar o tempo passar na rodoviária de Brasília. Moradora de Valparaíso de Goiás (GO), ela se prepara para uma longa viagem de mais de 700 quilômetros até Frutal (MG), onde passará o Natal com a filha Gabriela, de 26 anos, e as netas Eloá, de 5 anos, e Isabela, de 3.

Com um nome que reflete bem seus desafios diários, Maria chegou cedo à rodoviária, carregando duas caixas e três malas. As passagens de ida e volta custam mais de R$ 1 mil, o que torna inviável viajar outras vezes durante o ano. No entanto, ela conseguiu transformar a saudade em pacotes que cabem no bagageiro do ônibus.

“Nas minhas caixas, o que mais tem são presentes que eu fui comprando para elas ao longo deste ano em que não nos vimos. Não vejo a hora de abraçá-las. É o meu presente de Natal”, afirmou Maria enquanto fazia as contas do tempo para beijar as meninas.

Imagem ilustrativa da imagem Mulheres veem no Natal a data para deixar a saudade e unir a família
Diarista Maria dos Navegantes aguarda para embarcar em Brasília Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Apego à família

O Natal, que transforma terminais de passageiros em mares de gente, vai além de um aspecto religioso. Segundo o Instituto Locomotiva, é a principal data de encontro familiar no Brasil. Cerca de 61% dos brasileiros afirmam estar sempre com a família nessa ocasião, enquanto 32% dizem que isso acontece às vezes.

Mulheres demonstram mais atenção a esses encontros, participando mais frequentemente de reuniões familiares mensais, com 65% delas presentes, em comparação a 58% dos homens. A pesquisa, que entrevistou mais de 4 mil brasileiros com mais de 18 anos, revelou que 68% consideram importantes os rituais familiares e as datas comemorativas. Para 75%, a felicidade só é completa quando compartilhada com quem se ama.

Adiantado

Os rituais são tão importantes que a família da pedagoga brasiliense Laíssa Macedo, de 26 anos, adiantou a festa de Natal para 21 de dezembro. Ela escolheu participar de uma ação missionária social em Conceição da Paraíba, a quase 2 mil quilômetros de casa, onde entregará materiais escolares e de higiene para comunidades vulneráveis.

Imagem ilustrativa da imagem Mulheres veem no Natal a data para deixar a saudade e unir a família
Laissa Macedo fará trabalho missionário no Natal e adiantou comemoração da família Valter Campanato/Agência Brasil

“Será um Natal diferente para mim. Minha família sentiu, mas entendeu que só vou voltar no final de janeiro”, disse Laíssa. Sua colega, a cuidadora de idosos Rosiane Martins, de 23 anos, também se despediu dos seis irmãos. “Estamos pensando que podemos ter uma ceia diferente e relação de família também com quem não conhecemos”.

Amor a distância

A pesquisa do Instituto Locomotiva mostrou que 65% dos brasileiros passam menos tempo com a família do que gostariam, e nove em cada dez têm familiares que moram longe. A agricultora Adelina Maria de Jesus, de 67 anos, é uma dessas pessoas. Chorosa na rodoviária de Brasília, ela lamenta não poder reunir os quatro filhos no Natal. Com uma renda mensal de um salário mínimo, seus filhos estão dispersos em diferentes regiões do país. Adelina e o marido vivem em um assentamento sem-terra em Rubiataba, a mais de 400 km de distância. “Tenho esperança de que um dia teremos dinheiro para nos reunirmos de verdade. Seria meu sonho de Natal”.

A praia e a mesa cheia

Joselita da Conceição, diarista de 51 anos, busca manter a convivência com sua família “enorme” em Ituberá (BA). Ela, a filha Josielle, e os dois netos estão ansiosos para a viagem de 19 horas de ônibus, ansiosos para ver o mar de perto novamente. “Quero que meus filhos tenham convivência com os primos. No final do ano, é tempo para isso”.

Com os dedos, eles lembram de cada um dos 30 familiares com quem farão a ceia. “Já são 15 anos que estou distante, porque trabalhamos duro aqui. Mas o mar nos espera”, sorriu Joselita.



Com informações da Agência Brasil