GERAL

min de leitura

Pesquisadores com soluções para comunidades recebem Prêmio Finep

(via Agência Brasil)

| Edição de 09 de outubro de 2025 | Atualizado em 09 de outubro de 2025

Fique por dentro do que acontece em Apucarana, Arapongas e região, assine a Tribuna do Norte.

Tiago Calves Nunes, um pesquisador que se tornou o primeiro de sua família a ingressar no ensino superior na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), tem uma história inspiradora de superação e inovação. Ele não apenas avançou para o doutorado, mas também fundou uma empresa e viu seus sonhos se tornarem realidade.

Filho de um pescador e de uma dona de casa, Tiago sempre quis ajudar os produtores rurais do Pantanal. Com essa motivação, ele desenvolveu um pesticida sustentável à base de fungos. Na quarta-feira (8), ele foi aplaudido e se emocionou ao receber o Prêmio Finep na etapa Centro-Oeste, na categoria Deep Tech.

A Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) é uma empresa pública brasileira que investe em inovação tecnológica. Recentemente, apresentou os projetos de 18 finalistas em sete categorias diferentes. O Prêmio Finep de Inovação 2025 não oferece recursos financeiros, mas sim troféus e certificados.

Inovação e Descentralização

O caso de Tiago Nunes exemplifica o objetivo do prêmio: estimular a descentralização da pesquisa. "Meu pai foi pescador profissional, um homem simples e trabalhador, que tirava o sustento das águas do Pantanal", relembra Tiago.

Seu trabalho transformou micro-organismos invisíveis em soluções que regeneram o solo, fortalecem as plantas e devolvem a dignidade a quem vive da agricultura.

“Ao segurar esse prêmio, lembro do menino que ajudava o pai na beira do rio e sonhava em estudar. Hoje estamos aqui, mostrando que a educação cria futuro”.

Valorização da Diversidade Regional

Luiz Antônio Elias, presidente da Finep, destacou que o prêmio, que retornou após dez anos, busca valorizar a diversidade regional e o potencial criativo, além de garantir que o conhecimento chegue a mais brasileiros.

Ele enfatiza a importância de descentralizar o desenvolvimento e olhar para a ciência e tecnologia em todos os cantos do país. “O prêmio busca reconhecer, fortalecer e dar visibilidade às soluções que surgem em cada território e que, somadas, constroem o Brasil do conhecimento”.

Entre 2023 e 2025, foram contratados cerca de R$ 2,3 bilhões em 319 projetos na Região Centro-Oeste, sendo R$ 1,1 bilhão em 2025.

“Os temas apoiados refletem a força e a diversidade dessa região. Nanotecnologia, sustentabilidade agrícola, saneamento ambiental, biotecnologia de baixo carbono, tratamento de minérios, ciência animal, agroquímica e bioquímica”, afirmou o presidente.

Elias lembrou que, em nações desenvolvidas, ciência e inovação são pilares estruturantes do crescimento.

Em todo o Brasil, entre 2019 e 2022, foram contratados cerca de R$ 13 bilhões em 1,8 mil projetos. Entre 2023 e 2025, esse valor subiu para R$ 40 bilhões em cerca de 4.700 projetos.

Interação e Sustentabilidade

Ricardo Galvão, presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), presente no evento, destacou a importância de investir no conhecimento brasileiro e na inovação, especialmente na exploração das “terras raras”.

Outro exemplo de pesquisa colaborativa é o projeto vencedor na categoria “Cadeias Agroindustriais Sustentáveis”, que propõe o aproveitamento integral do babaçu e pequi, transformando-os em bioinsumos para as indústrias alimentícia e cosmética.

Natália Olívia de Souza, coordenadora do Instituto Senai, explicou que o projeto visa reduzir o desperdício de 70% para quase zero, desenvolvendo produtos como óleos e alimentos em um modelo de bioeconomia circular que fortalece comunidades extrativistas e agricultores.

“Podemos proporcionar o desenvolvimento de um reaproveitamento de dois grandes representantes da nossa cultura regional. Vamos poder transferir essa tecnologia para agricultores familiares”, afirmou Natália. Para ela, ver a inovação chegando na ponta é emocionante.

Protagonismo Feminino

A edição 2025 do Prêmio Finep destacou o melhor projeto coordenado por mulheres, premiando a pesquisadora Maria Lígia Rodrigues Macedo e sua equipe de 27 mulheres.

Em mensagem em vídeo, a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, ressaltou a importância das mulheres na construção de uma ciência e inovação mais plural. “Não é só questão de justiça, mas de excelência, porque a diversidade produz uma ciência melhor”.

O projeto consistiu na primeira plataforma nacional aberta de proteínas e peptídeos com aplicações biotecnológicas.

“Inovar precisa de paridade e equidade. Esse país de inovação ainda vai demorar um pouco para ter equidade, mas a paridade já começou faz tempo”.

Vencedores por Categoria

  • Categoria Deep Tech: "Pantabio - Primeiro biopesticida à base de Trichoderma do Pantanal", de Tiago Calves Nunes.
  • Categoria Cadeias Agroindustriais Sustentáveis: "Soluções tecnológicas para o aproveitamento integral do babaçu e pequi", do Instituto Senai de Tecnologia de Alimentos.
  • Categoria Infraestrutura de P&D em ICTs: "Fortalecimento da infraestrutura dos Laboratórios de Agricultura Digital e de Purificação de Proteínas e suas Funções Biológicas", da UFMS.
  • Categoria Ambiente de Inovação: "Consolidação e modernização das instalações do Laboratório IFMaker", do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia goiano.
  • Categoria Transformação digital da indústria: "Reconhecimento de bovinos através de imagens", da Kerow Soluções em Precisão.
  • Categoria Bioeconomia, Descarbonização, Transição e Segurança Energéticas: "Película fotoluminescente para incremento de eficiência energética em módulos fotovoltaicos", da Anexo Energia.
  • Categoria Complexo econômico industrial da saúde: "Cell4vision: plataforma biológica de células tronco em nanoscaolds biomiméticos para tratamentos regenerativos em oftalmologia", da Universidade Federal de Goiás.



Com informações da Agência Brasil