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Policial penal que atirou em entregador é preso e afastado no Rio

(via Agência Brasil)

| Edição de 01 de setembro de 2025 | Atualizado em 01 de setembro de 2025

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O policial penal José Rodrigo da Silva Ferrarini, envolvido em um incidente que resultou no disparo contra o pé do entregador Valério de Souza Junior, foi afastado de suas funções por um período de 90 dias, conforme comunicado pela Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap). Desde o último domingo (31), José Rodrigo encontra-se detido após se entregar às autoridades.

O episódio ocorreu na madrugada de sábado (30), quando José Rodrigo, insatisfeito com a recusa de Valério em levar o pedido de comida até seu apartamento em um prédio localizado em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro, efetuou o disparo. Vale ressaltar que os entregadores não têm a obrigação de subir com os pedidos até os apartamentos.

O crime foi registrado em vídeo por Valério e rapidamente se espalhou pelas redes sociais. O entregador necessitou de atendimento médico de urgência no Hospital Municipal Lourenço Jorge, situado na Barra da Tijuca, e formalizou uma queixa na 32ª Delegacia de Polícia.

Arma recolhida

Durante as investigações, a polícia recolheu a arma do agente penal e, após análise das evidências, solicitou à Justiça a prisão preventiva de José Rodrigo.

“Ao ver o cerco se fechar e após negociação com os agentes, o autor se apresentou na Cidade da Polícia [complexo que reúne delegacias especializadas], onde o mandado foi cumprido”, diz nota da Polícia Civil.

A prisão preventiva foi decretada para assegurar o andamento do processo criminal, sem prazo determinado para a liberação do suspeito.

Nas redes sociais, Valério expressou gratidão pelas manifestações de solidariedade e pediu que cessassem as hostilidades contra os moradores do prédio, esclarecendo que o agressor era inquilino e já havia deixado o imóvel.

“O autor do disparo não é proprietário do apartamento que ocupava e a proprietária, mediante o ocorrido e também por conta da depredação de seu imóvel, solicitou a entrega do mesmo, que estava sob aluguel. O autor do disparo não reside mais no local”, escreveu.

Repúdio

A Secretaria estadual de Administração Penitenciária confirmou que a prisão do agente penal foi mantida após audiência de custódia. Ele foi transferido para o presídio Constantino Cokotós, em Niterói, destinado a policiais presos.

Em nota, a secretaria expressou veemente repúdio à conduta atribuída ao servidor. Além do afastamento, um processo administrativo disciplinar foi instaurado contra ele.

A secretária Maria Rosa Nebel manifestou solidariedade ao entregador.

iFood

O iFood, plataforma utilizada por Valério para realizar a entrega, declarou não tolerar qualquer tipo de violência contra seus entregadores parceiros e lamentou profundamente o ocorrido.

Em relação ao cliente, a empresa explicou que, em casos de descumprimento das regras, são aplicadas sanções que podem variar de advertência ao banimento da plataforma.

O iFood esclareceu que a obrigação do entregador é deixar o pedido no primeiro ponto de contato, seja o portão da casa ou a portaria do prédio. “Essa é a recomendação passada aos entregadores e aos consumidores”, assinala.

Segundo a plataforma, no ano anterior, foi lançada no Rio uma campanha para incentivar os clientes a irem até a portaria de seus condomínios para receber os pedidos, como forma de respeito aos entregadores.

O iFood informou que disponibilizará a Valério apoio jurídico e psicológico, em parceria com a organização de advogadas negras Black Sisters in Law, garantindo acesso à justiça e assistência emocional. “Esperamos que o caso não fique impune e que Valério Junior se recupere rapidamente”, finaliza a nota.

Outros casos

Em março de 2024, um incidente semelhante ocorreu no Rio de Janeiro. O entregador Nilton Ramon de Oliveira, então com 24 anos, foi baleado por um cliente policial militar (PM), na Vila Valqueire, também zona oeste.

Em 2023, um desentendimento terminou com o entregador Max Ângelo dos Santos atacado por uma mulher com uma coleira de cachorro, em São Conrado, bairro nobre da zona sul carioca.



Com informações da Agência Brasil