A Secretaria de Estado da Mulher do Rio de Janeiro apresentou, nesta quarta-feira (20), uma nova plataforma digital: o Observatório do Feminicídio. Essa ferramenta inovadora reúne dados de segurança, justiça e saúde, essenciais para a criação de políticas públicas voltadas ao combate à violência contra as mulheres.
Os números da Secretaria de Estado de Saúde revelam que, em 2024, dos 42.152 casos registrados, 30.978 (73,5%) tiveram mulheres como vítimas. A violência física é a forma de agressão mais comum, enquanto o estupro se destaca como o tipo de violência sexual mais frequente.
"Pela primeira vez, conseguimos reunir em um único espaço dados de órgãos públicos que denunciam, investigam, julgam e acolhem. Esta é uma iniciativa que combina ciência e dados para enfrentar uma das formas mais cruéis de violência contra a mulher. Nosso compromisso é continuar trabalhando para que nenhuma mulher seja silenciada pela violência", afirmou Heloisa Aguiar, secretária de Estado da Mulher.
Outro dado alarmante é a reincidência das agressões: cerca de 42% dos casos notificados ocorreram novamente.
"Os casos de feminicídio e agressões a mulheres são constantes e preocupantes. A integração do novo painel da Saúde RJ com informações sobre notificações compulsórias a outras áreas do Governo em uma única ferramenta é crucial. Certamente, isso auxiliará na formulação de novas políticas públicas para enfrentar esse tipo de violência. Essa força-tarefa é essencial para garantir que as mulheres estejam protegidas e acolhidas", destacou Claudia Mello, secretária de Estado de Saúde.
Além disso, foi lançada uma cartilha informativa destinada ao público em geral e um curso de capacitação para agentes de segurança.
"É fundamental que nos unamos ao governo do Estado para enfrentar esse problema. Instituições como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) têm a responsabilidade de não apenas produzir conhecimento, mas também de se posicionar diante das injustiças", comentou Cássia Turci, vice-reitora da UFRJ.
Rede de proteção
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) presentes no painel do Observatório do Feminicídio indicam que, entre janeiro e julho de 2025, o Rio de Janeiro registrou 53 casos de feminicídio, uma redução de 12 casos em comparação ao mesmo período de 2024. No âmbito do Tribunal de Justiça, o painel do TJ-RJ mostra que, no primeiro semestre de 2025, foram concedidas 23.440 medidas protetivas de urgência e realizadas 3.032 prisões.
O Observatório do Feminicídio conta com o apoio técnico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), além da participação da Secretaria de Estado de Saúde, do Instituto de Segurança Pública (ISP), do Tribunal de Justiça, do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher e da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj.
Essa iniciativa multidisciplinar funciona como uma ferramenta de integração de dados de órgãos que denunciam, investigam e julgam os casos, além de acolher sobreviventes e familiares. O projeto recebeu um investimento de R$ 2,4 milhões da Secretaria de Estado da Mulher.
Com informações da Agência Brasil