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Rio será primeira cidade no país a monitorar motociclistas de app

(via Agência Brasil)

| Edição de 17 de setembro de 2025 | Atualizado em 17 de setembro de 2025

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Os motociclistas que utilizam o 99Moto no Rio de Janeiro serão os primeiros no Brasil a contar com o Relatório de Direção com Telemetria. Essa ferramenta oferecerá uma análise detalhada do desempenho dos condutores em relação às regras e boas práticas de trânsito. O lançamento está previsto para o último trimestre deste ano, conforme anunciado por Leandro Abecassis, diretor de negócios da 99, em uma coletiva de imprensa.

A iniciativa faz parte de uma parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, firmada em maio, que visa compartilhar dados com o poder público para melhorar o planejamento urbano, especialmente com o aumento do uso de motocicletas na cidade.

Por meio da telemetria, será possível identificar freadas bruscas, curvas perigosas, excesso de velocidade e outros comportamentos arriscados. Cada motociclista receberá uma pontuação para avaliar seu desempenho, e reincidências poderão levar ao bloqueio do condutor, segundo Abecassis.

“Mais do que punir, o objetivo principal é educar e informar sobre a necessidade de ajustar o comportamento”, afirma o executivo.

Abecassis destaca que a telemetria representa um avanço no monitoramento das regras de trânsito pela plataforma, que atualmente depende mais das sinalizações dos usuários. O sistema já permite acompanhar limites de velocidade via GPS, mas precisa de denúncias dos passageiros para identificar outras infrações.

A tecnologia de monitoramento por telemetria já é usada há cinco anos na China pela DiDi Chuxing, empresa da qual a 99 faz parte. No Brasil, a inovação está sendo desenvolvida em parceria com o Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).

Aumento da frota

Respeitando a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), as informações serão compartilhadas com a Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro (CET-Rio), conforme a parceria, que também inclui o iFood.

Com o rápido aumento da frota, a cidade procurou as plataformas para discutir formas de tornar o trânsito mais seguro.

Entre dezembro de 2018 e agosto de 2025, a frota de motos no Rio de Janeiro aumentou de 305 mil para 462 mil, um crescimento de mais de 50%, segundo a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran).

Esse aumento tem impactado o sistema público de saúde, com 14.497 vítimas de acidentes com motos atendidas em hospitais de urgência e emergência da rede municipal entre janeiro e junho deste ano.

Uma pesquisa do Instituto Cordial mostra que a proporção de usuários do 99Moto envolvidos em acidentes de trânsito por milhão de viagens diminuiu em 2023 e estabilizou em 2024.

No Rio de Janeiro, em 2024, houve nove acidentes leves por milhão de viagens, superando a média nacional de cinco. Acidentes graves e fatais são menos frequentes no Rio do que a média nacional.

O estudo conclui que a taxa de acidentes graves e fatais nas corridas do aplicativo é 12 vezes menor em comparação com o total de viagens de moto na cidade.

O diretor de operações do Instituto Cordial, Luis Fernando Villaça, afirma que o monitoramento por plataformas torna os motociclistas menos imprudentes do que aqueles que fazem viagens pessoais ou trabalham como mototáxis sem monitoramento.

“Cada uso da motocicleta tem fatores de risco específicos. Precisamos entender cada contexto para adotar práticas mais efetivas. A motocicleta é uma realidade inegável, e seu uso deve ser seguro”, afirma.

Velocidade

O excesso de velocidade é uma das principais questões que agravam o risco nas viagens de motocicleta, segundo Villaça. Dados da Federação Mundial do Transporte indicam que um atropelamento a 30 km/h tem 15% de chance de ser fatal, enquanto a 70 km/h essa chance é quase 100%.

“Reduzir a velocidade é a forma mais rápida de diminuir acidentes e fatalidades no trânsito”, diz.

Marina Baltar, professora da Coppe/UFRJ, defende a revisão dos limites de velocidade na cidade, especialmente nas vias expressas, apesar da resistência dos moradores e agentes públicos.

A Prefeitura do Rio chegou a anunciar um limite de 60 km/h para motos, mas recuou em maio deste ano.

André Drummond, diretor de engenharia de tráfego da CET-Rio, acredita que a geografia da cidade dificulta a aceitação da redução dos limites de velocidade.

“Diminuir a velocidade é visto como aumentar o tempo de deslocamento, mas precisamos desconstruir essa lógica”, diz.

Drummond destaca medidas como faixas exclusivas para motos e pontos de apoio para motociclistas de aplicativo, além do desenvolvimento de um mapa para padronizar os limites de velocidade.

“A padronização das velocidades é um passo importante para a segurança”, avalia.

Lesões

O ortopedista Marcos Musafir, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, ressalta que a velocidade e o tipo de colisão são fatores determinantes para a gravidade das lesões em acidentes de moto. Mesmo acidentes leves podem causar lesões detectadas posteriormente.

“Lesões como contusões, entorses e escoriações podem comprometer temporariamente as atividades das vítimas”, destaca.

“Nos centros de trauma, a maioria das lesões é de média e alta complexidade, mas mesmo as de baixa podem ser significativas”, afirma.

Musafir lembra que estudos da SBOT mostram um aumento no número de pacientes vítimas de acidentes com motos, com lesões mais graves e complexas.

A SBOT está lançando a campanha Na Moto, Na Moral - não mate, não morra em 2025, para alertar sobre a importância de reduzir os acidentes de moto, que se tornaram um problema sério de saúde pública.



Com informações da Agência Brasil