Apucarana pode se tornar o primeiro distrito circular de moda do Paraná. A iniciativa tem como objetivo reorganizar a cadeia produtiva local para que as sobras da indústria têxtil deixem de ser tratadas como lixo e sejam reintegradas ao ciclo econômico como insumos ou novos produtos. Para se ter uma ideia, somente em um ano, a indústria de confecção local gera, em média, 450 toneladas de resíduos. Já o custo para a destinação correta desse material gira em torno de R$ 500 mil anuais.
“As sobras de tecido de uma fábrica, por exemplo, podem se transformar em itens como almofadas, puffs e ecobags ou ainda em painéis e placas de isolamento acústico para a construção civil. São sobras que voltam a ter utilidade, viram produtos e geram valor em vez de custo”, explicou Tiago Cunha, consultor do Sebrae, uma das entidades que está por trás da iniciativa.
A transição para a economia circular é baseada no Plano Foresight, um estudo estratégico que analisa tendências futuras para orientar decisões atuais no setor da moda. Resultado de uma parceria entre o Sebrae, o Sindicato das Indústrias do Vestuário de Apucarana e Vale do Ivaí (Sivale) e o Arranjo Produtivo Local de Bonés de Apucarana (APL), o projeto busca inspiração em modelos internacionais de sucesso, como o Centro de Referência em Certificação, Design e Inovação da Europa, o Cosmob. A ideia foi apresentada no último dia 13 de novembro e contou com a participação de empresários, gestores e lideranças do setor.
Ao adotar o modelo circular, além das empresas reduzirem o lixo têxtil, elas também conseguem diminuir o custo de descarte a ainda criam novas fontes de renda. Além disso, com esta nova configuração, surgem outras oportunidades de trabalho e novos pequenos negócios ligados ao reaproveitamento destes materiais. “A força desse movimento vai muito além da gestão de resíduos. Ao assumir a circularidade como eixo estruturante, o município dá um passo decisivo para fortalecer sua identidade econômica, gerar novas oportunidades de trabalho e consolidar-se como referência brasileira em inovação na moda”, afirmou Tiago.
Segundo Elizabete Ardigo, presidente do Sivale, Apucarana foi a única cidade do Brasil a ser contemplada com este projeto pelo Sebrae. E isso ocorreu devido à representação que o sindicato tem junto às indústrias do setor. “Estamos muito felizes com essa conquista e acreditamos que será um marco importante para nossa jornada rumo à inovação e sustentabilidade. Vamos aproveitar ao máximo essa oportunidade para evoluir”, acrescentou.