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Campanha da Fraternidade destaca importância do diálogo e do respeito

Da Redação

| Edição de 14 de fevereiro de 2024 | Atualizado em 14 de fevereiro de 2024
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Com o tema “Fraternidade e Amizade Social” e o lema “Vós sois todos irmãos e irmãs”, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) abriu ontem a Campanha da Fraternidade 2024.

Realizada na Quaresma, aberta ontem com a tradicional Missa das Cinzas, a Campanha da Fraternidade completa 60 anos em 2024 e tem como objetivo incentivar a solidariedade em relação a algum tema social.

O padre Paulinho Amaral, da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, de Colorado, no Noroeste do Paraná, explica que a campanha quer conscientizar sobre a importância do diálogo e do respeito.

A Campanha da Fraternidade será tema de uma audiência pública hoje, às 19h30, na Câmara de Apucarana e amanhã na Câmara de Arapongas. 

Tribuna: O que é  a Campanha da Fraternidade?

Padre Paulinho Amaral: A Campanha da Fraternidade é promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em todo território nacional desde 1964. A Campanha começou pequena, em um município e em uma paróquia no Rio Grande do Norte, motivada e incentivada por Dom Eugênio de Araújo de Sales, na ocasião, bispo auxiliar de Natal (RN), em 1962. No ano seguinte, várias paróquias e até dioceses do Nordeste aderiram e Dom Helder Câmara, bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro (RJ) e secretário Geral da nascente CNBB, propôs aos bispos brasileiros que a campanha fosse nacional e a adesão foi grande e rápida. Já em 1964 acontecia a primeira Campanha da Fraternidade nacional, com o lema “Lembre-se, você também é Igreja”. A Campanha da Fraternidade, que está completando 60 anos, é um dos maiores mutirões de evangelização da Igreja no mundo e sempre tem ampla repercussão em toda a sociedade.

TN: Nesses 60 anos de Campanha ocorreram polêmicas e há resistências na Igreja?

Padre Paulinho: Sim, houve, há e haverá polêmicas e resistências, inclusive dentro da própria Igreja, mas isso é considerado natural. A Campanha existe justamente para chamar a atenção de alguma realidade que não está boa, está ferida e aí as pessoas ficam sensibilizadas e outros ficam contra a causa, mas o importante é o debate e a busca da compreensão do tema.

TN: A Campanha mobiliza a Igreja e sensibiliza a sociedade de que forma?

Padre Paulinho: A Campanha mobiliza a Igreja, pois acontece na base, chega nas famílias e pessoas. São mais de 12 mil paróquias e, de modo especial, no período quaresmal, o tema da campanha é trabalhado de modo intenso, é celebrado e refletido, vira o assunto do dia a dia dos católicos e desperta também a atenção dos que não são católicos. Neste ano, por exemplo, o tema é da amizade social, que interessa a todos, pois visa despertar a sociedade para mais diálogo, respeito, tolerância, busca de autoconhecimento e reconhecimento do outro como outro, mesmo sendo tão diferente. É uma campanha para que sejamos mais sábios e menos intolerantes, ignorantes, fechados em nós mesmos. É inspirada num documento importantíssimo do Papa Francisco, uma encíclica, chamada Fratelli Tutti, “somos todos irmãos” que nos pede a sabedoria do diálogo e o respeito ao próximo por amor à Deus.

TN: O tema da “Amizade Social” poderá trazer quais iniciativas na Igreja e na sociedade? 

Padre Paulinho: Essa campanha quer primeiro conscientizar as pessoas de que, mesmo sendo todos diferentes, somos todos irmãos. Visa mudar essa mentalidade fratricida, de querer matar, deletar, cancelar o outro, porque o outro é outro e, por isso, é diferente. É burrice e ignorância não entender isso, só que infelizmente vira morte, feminicídio e agressão. E o pior: tem adoecido as pessoas. Vivemos uma epidemia de adoecimento mental, por isso, a Campanha está ajudando as pessoas a se tratar, buscar apoio e a se sentir amparadas na Igreja, nas outras igrejas, nos centros de escuta e de apoio, e a descobrir que mesmo pensando, vivendo, rezando diferente, podemos ter uma convivência saudável, isso é a amizade social.

TN: O que mais pode ser destacado?

Padre Paulinho: A Campanha também motiva os fiéis e todos os que quiserem colaborar a participar de uma coleta em dinheiro. Essa coleta da solidariedade será realizada na missa do Domingo de Ramos, que abre a Semana Santa, e esses recursos se transformam em importantes projetos sociais. Na Diocese de Apucarana, por iniciativa do bispo diocesano e dos padres, será dada prioridade aos  lares de idosos, os chamados asilos. É um gesto  concreto de valorização e promoção da dignidade de quem já nos ajudou tanto na sociedade e na igreja.