Há cinco anos, a jovem Alejandra Ramis Cruz deixava seu país natal, Cuba, para morar no Brasil com sua família. Agora, aos 17 anos, ela está entre os 286 estudantes estrangeiros que frequentam escolas da área do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Apucarana. Em todo o Paraná, são mais de 15 mil alunos estrangeiros, incluindo migrantes, refugiados e apátridas, oriundos de 78 nacionalidades.
No NRE de Apucarana, os alunos estrangeiros são de Cuba, Venezuela, Haiti, Japão e Estados Unidos. E para auxiliar a aprendizagem e adaptação, as escolas estaduais implementaram estratégias de acolhimento e apoio pedagógico.
A técnica-pedagógica do Programa Mais Aprendizagem, Afife Maria Fontanini, do NRE de Apucarana, explica que, ao detectarem alunos imigrantes, a Secretaria de Estado da Educação (Seed) autoriza abertura de turmas de Português para Falantes de Outras Línguas (PFOL) por meio do Centro de Línguas Estrangeiras Modernas (Celem).
“Quando a escola não consegue ofertar o PFOL, os alunos estrangeiros podem participar do programa Mais Aprendizagem. Temos 25 escolas que ofertam esse programa, com reforço de língua portuguesa e matemática”, informa.
Apesar dos recursos ofertados pelo NRE, há alunos que se adaptam rápido, como é o caso de Alejandra Alejandra Ramis Cruz, estudante do aluna do Colégio Estadual Professor Izidoro Luiz Cerávolo, de Apucarana. Ela conta que aprendeu a falar português sem dificuldades.
Alejandra, saiu de Cuba aos 12 anos acompanhada por toda sua família. “O caminho não foi fácil, mas fomos muito bem acolhidos no Brasil”, afirma a jovem que saiu de Cuba motivada por questões políticas e financeiras. “A ditadura é difícil”, garante.
A jovem chegou no Brasil em meio a pandemia da Covid-19 e participava apenas das aulas online.
“Assistia as aulas da minha casa e consegui me acostumar rápido com o português. Quando as aulas presenciais começaram, eu já tinha uma boa noção do idioma”, afirma.
A estudante confessa que deixou seu pais com medo do que viria pela frente, mas, ao frequentar as aulas presenciais na escola brasileira recebeu todo acolhimento e suporte necessários. “Foi difícil me acostumar nos três primeiros meses só, com medo da escola, pelos meus pais, que estavam com medo de não conseguir um trabalho, mas deu tudo certo”, afirma.
Atualmente ela cursa o ensino médio integrado em técnico de enfermagem e pretende dar continuidade aos estudos para seguir na área da saúde.
“Escolhi essa área porque, desde pequena, sempre tive interesse”, afirma.
Alejandra está entre os seis alunos estrangeiros que estudam no Colégio Cerávolo. Segundo o diretor da instituição, Diego Favaro, a equipe pedagógica e multidisciplinar do colégio oferece apoio individualizado a esses estudantes durante o período de adaptação.
“Quando inicia o ano letivo, nossa equipe pedagógica promove um acolhimento aos alunos e suas famílias, com atendimentos personalizados de acordo com as necessidades de cada um”, explica Fávaro.
“Fazemos um diagnóstico inicial e oferecemos acompanhamento contínuo para garantir uma integração tranquila e eficaz. Até o momento, não houve nenhum tipo de choque cultural significativo, e os alunos estrangeiros foram bem aceitos e integrados tanto pelos colegas quanto pelos professores, graças a esse acompanhamento”, assinala.
Direito à escolarização
A inclusão dos alunos estrangeiros nas escolas do Paraná é amparada por legislação específica. De acordo com a Deliberação nº 09/01 do Plano Estadual de Educação, o acesso à educação é garantido a todos os estudantes, independentemente de sua nacionalidade ou documentação. Aqueles que chegam ao Estado sem comprovação de escolaridade podem ingressar de três formas: por prova de classificação, por matrícula na série compatível com a idade ou por revalidação de estudos incompletos.