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Feminicídio gera alerta para violência doméstica

Da Redação

| Edição de 17 de julho de 2023 | Atualizado em 17 de julho de 2023
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Apucarana registrou no último sábado (15), mais um caso de feminicídio. Beatriz Cristina Domingues, de 22 anos, foi assassinada a tiros pelo ex-marido quando participava de uma confraternização. O assassinato ocorreu na frente dos filhos, um de 5 e outro de 8 anos (ver matéria nesta página). 

Esse é o segundo feminicídio registrado no município. Ainda em maio, Suelem Aparecida dos Santos Roberto, de 25 anos, foi espancada e morta pelo seu irmão após uma discussão, no Jardim Ponta Grossa, zona norte de Apucarana. Suelem estava grávida. 

Os dois crimes acendem um alerta para um tema que a cada dia tem sido mais debatido na sociedade: a violência contra a mulher. Apesar de medidas, campanhas e políticas públicas, como o botão do pânico, lei do feminicídio e as medidas protetivas, os números envolvendo violência doméstica contra a mulher não diminuem.

Entre janeiro e maio de 2023, segundo os dados da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), Apucarana registrou 1.196 casos de violência contra a mulher. Destes, 437 são classificados como violência doméstica, ou seja, a cada dia, em média, três mulheres são agredidas por companheiros ou familiares.

Segundo Luana Lopes, titular da Delegacia da Mulher de Apucarana, o número de feminicídios nesses primeiros cinco meses do ano chamam a atenção. “Não é normal, infelizmente esse ano a gente teve essas situações. É atípico porque em 2021 a gente não teve nenhum caso confirmado. Em 2022 a gente teve uma ocorrência só, e em 2023 já foram 2 casos consumados”, afirmou ela. 

A principal motivação para os crimes, segundo a delegada, é estrutural. “É o machismo, é a visão de posse sobre a vítima, é o controle sobre a mulher e quando ele (agressor) sente que está perdendo esse controle, aí que ele parte para a violência”, disse Luana.

Para Luana, apesar das diversas medidas que já existem, a solução do problema só pode ser alcançada se uma mudança na cultura ocorrer. 

“O pessoal pergunta: como a gente vai vencer a violência doméstica? Eu sempre digo: é educando nossas crianças. Porque eu acho que a violência doméstica é decorrência da nossa cultura. Nós fomos criados em uma cultura machista. Enquanto a gente não conseguir desconstituir essa visão, de que não existe essa superioridade masculina sobre o feminino, a gente não conseguir evoluir”, afirma ela.

A prevenção do feminicídio inclusive é tema de uma campanha estadual. Apucarana está entre as 50 cidades que confirmaram adesão à caminhada que o Governo do Estado promoverá contra o feminicídio. 

O evento faz parte da campanha estadual “Paraná Unido no Combate do Feminicídio”, que prevê caminhadas em vários municípios paranaenses no próximo sábado (22).

Ônibus Lilás presta orientação para mulheres hoje em Apucarana

A Secretaria Municipal da Mulher e Assuntos da Família (Semaf), em parceria com a Secretaria de Estado da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa, traz a Apucarana hoje o “Ônibus Lilás”. O foco é a prevenção e o enfrentamento ao feminicídio, com atendimento na Praça Rui Barbosa, das 9 às 16 horas.

O evento inclui atendimentos sociais, psicológicos e jurídicos visando orientação e combate à violência. O “Ônibus Lilás” é adaptado e equipado com espaços para atender mulheres de forma individual e sigilosa, garantindo a sua privacidade. Uma equipe profissional com psicóloga e assistente social fica à disposição para atender e orientar as mulheres, inclusive encaminhando para serviços especializados, quando necessário.

Também estão previstos atendimento sigiloso e profissional para mulheres com direitos violados; Programa “De Bem Comigo“; Orientações sobre saúde da mulher (testes rápidos); Projeto Maria Penha vai às escolas; inscrições para cursos profissionalizantes; economia solidária e hortas solidárias; rede de enfrentamento à mulher em situação de violência doméstica; e Patrulha Maria da Penha.

O prefeito Junior da Femac reforça o convite às mulheres apucaranenses. “Trata-se de um momento muito importante para que todas tenham conhecimento de todos os serviços ofertados pela nossa Secretaria da Mulher e possam obter orientações e atendimento em diversas situações”, assinala Junior da Femac, lamentando que, no fim de semana, mais um caso de feminicídio foi registrado na cidade.