Com pouco mais de 30 mil habitantes, Ivaiporã, no Vale do Ivaí, prepara-se para ser um centro de inovação da Coreia do Sul no Brasil. Iniciado em 2023, a partir da missão internacional liderada pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior, a cidade vai abrigar o projeto Korean Valley, que tem apoio do Global Digital Inovation Network (GDIN), fundação ligada ao Ministério de Ciência e Tecnologia da Informação do país asiático, e deve receber startups coreanas para desenvolver tecnologias junto com empresas brasileiras.
Para isso, o município está concluindo a implantação da Incubadora Tecnológica Agrotech. O espaço contará com 22 unidades independentes, estrategicamente localizadas ao lado do campus do Instituto Federal do Paraná (IFPR), formando um ecossistema ideal para o desenvolvimento de empresas de base tecnológica, com foco especial no agronegócio. A infraestrutura recebeu um investimento de R$ 2,2 milhões, viabilizado por meio de convênio com o governo federal.
O Governo do Estado também vai repassar, por meio da Secretaria da Inovação e Inteligência Artficial (SEIA), R$ 1 milhão para a compra de equipamentos para a incubadora. O secretário da Inovação e IA, Alex Canziani, explica que o Estado tem adotado uma estratégia de investir nos menores centros. “É uma oportunidade para os alunos da região desenvolverem suas habilidades e terem oportunidades de prosperar sem ter que ir para os grandes centros. Ideias que viram negócios, que geram renda, emprego e avanço para o município.”
O projeto começou com o empresário e cientista Aleksandro Montanha, embaixador do GDIN no Brasil, que identificou no Paraná a possibilidade de abrigar as inovações coreanas. A fundação é responsável pela aceleração das startups do país asiático para que alcancem novos mercados mundiais.
Ele ressalta que vários fatores pesaram para a escolha de Ivaiporã para abrigar o projeto. “Primeiro por ser uma cidade do interior, que geralmente não é vislumbrada para receber esse tipo de projeto. Percebemos o potencial e recebemos muito apoio da gestão municipal”, afirma. “Propostas assim causam mais impactos em uma cidade menor, e também demonstra que é possível para os municípios de menor porte fazer cooperação com outros países. A inovação não precisa estar apenas nas capitais ou grandes centros”.
Outro diferencial, destaca Montanha, é o fato de o município também ser um polo regional, com universidades e mão de obra qualificada. “Por falta de investimento, muitos talentos escapam e vão para fora. Mas com projetos como esse, conseguimos reter esse profissional aqui e atrair outros talentos para o Interior do Estado”, salienta.
Segundo ele, a ideia é atrair, por meio de edital, de cinco a sete startups coreanas, que farão uma joit venture com empresas brasileiras para trabalhar dentro da incubadora.
Missão internacional em 2023
Em 2023, o governador Ratinho Junior liderou uma missão internacional à Coreia do Sul com o objetivo de ampliar a relação comercial e também buscar inovações do país para serem implantadas no Estado. A agenda incluiu uma visita à Born 2 Global, como então se chamava o GDIN.
A intenção, explica o diretor de Relações Internacionais e Institucionais da Invest Paraná, Giancarlo Rocco, era conhecer o sistema de inovação sul-coreano, buscando soluções voltadas a área de interesse do Estado e estabelecendo uma conexão para investimentos no Paraná.
“Uma das partes dessa cooperação é o Korean Valley, para conectar startups, pesquisadores e investidores da Coreia do Sul no Paraná”, destaca Rocco. “Essa ponte foi uma grande conquista, principalmente por se tratar de um país com uma cultura tão diferente da nossa”.
“O projeto do Korean Valley começou com essa missão, que participamos junto com a equipe do governo, buscando firmar acordos para desenvolver nossa região”, afirma o prefeito de Ivaiporã, Carlos Gil. “Voltamos com a possibilidade de trazer empresas coreanas que tinham interesse em investir no Brasil. A partir daí, nos mobilizamos para construir a incubadora, para ter uma estrutura que pudesse atrair investimentos voltados à área tecnológica, que podem gerar empregos qualificados para a cidade”.