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Número de domicílios cresce cinco vezes mais que população na região

Gabriel Paiva

| Edição de 05 de julho de 2023 | Atualizado em 05 de julho de 2023
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Os mais recentes dados divulgados pelo Censo demográfico 2022, realizado mais de dez anos após a última edição da pesquisa, demonstram que as cidades que fazem parte da região - 26 cidades do Vale do Ivaí mais Arapongas - tiveram um crescimento de 29,97% no que diz respeito a quantidade de domicílios. O percentual é cinco vezes maior que evolução da população no período, que cresceu 6%, totalizando os atuais 452.708 mil habitantes. A pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que o número total saltou de 154.628 domicílios em 2010, para 200.973 em 2022. Em números absolutos, são 46 mil domicílios a mais em 12 anos. . 

A cidade que obteve o maior crescimento com relação a porcentagem foi Cambira, que registrou um aumento de 58,04% se comparado com a última edição da pesquisa. A cidade passou de 2.646 para 4.182 domicílios em 2022. O município também foi o que registrou maior crescimento percentual de população na região entre os dois Censos: 30,7%.

No entanto, Apucarana segue sendo a cidade da região com o maior número absoluto de domicílios. De acordo com os dados do IBGE, a cidade contabiliza 56.051 domicílios. Em 2010 eram 41.953. Isso representa um crescimento de 33,60% em 12 anos. 

A segunda cidade com a maior quantidade de domicílios é Arapongas, que foi de 36.144 para 51.249, possuindo um crescimento de 41,79%. Em terceiro lugar está Ivaiporã, com 14.7653 no total, um número 17,44% maior que os 12.570 domicílios computados em 2010. 

Segundo Rafael Francisquini, coordenador da área do Censo em Apucarana, o número de domicílios é de fundamental importância para avaliar o crescimento das cidades, bem como para a formulação de políticas públicas de saneamento e infraestrutura.

Já para explicar o aumento expressivo no número de domicílios na região, Francisquini atribui o fato aos programas de construção de moradias. “Em Apucarana, particularmente, desde o último Censo é notória a verticalização da cidade através da construção de edifícios”, disse ele.

O crescimento do número de domicílios nos últimos 12 anos é muito superior ao índice de aumento da população. Dos 27 municípios, todos registraram crescimento de domicílios. Em relação à população, entretanto, houve queda em 14. 

De acordo com Francisquini, não se notou correlação direta entre construção de domicílios e aumento da população. 

“Quando se constrói uma residência, não necessariamente alguém de outro município vem morar no local. Além disso, as mulheres têm cada vez menos filhos e a população está envelhecendo. Isso explica em partes porque a população da região não cresceu como o esperado e está de acordo com a tendência nacional”, afirmou o coordenador.

O fenômeno se repete em todo país. Entre 2010 e 2022, a população brasileira cresceu 6,5%, enquanto a quantidade de domicílios avançou 34%.

Evolução do acesso à moradia

O economista e professor da Unespar, Rogério Ribeiro, destaca que o número de moradias é importante para saber a evolução dos municípios. “Esses dados apontam para a evolução na qualidade de vida da população entre os censos existentes. Mas também temos que considerar a qualidade destas moradias e se elas se encontram ocupadas, bem como se o imóvel é próprio, cedido ou alugada. São variáveis qualitativas que, numa perspectiva demográfica, explicam a evolução ao longo do tempo”, comenta.

O professor também analisa a discrepância entre crescimento de população e moradias. “Nem todos os municípios tiveram evolução da população. Estes eventos demográficos serão detalhados no conjunto dos dados do Censo. No Censo de 2010, no estado do Paraná, foram 178 municípios que reduziram a população total em relação ao Censo de 2000. No caso do novo Censo 170 municípios paranaenses reduziram sua população total. É um movimento natural que é determinado pela alteração na taxa de fecundidade”, comenta, acrescentando que os dados preliminares da contagem da população podem apresentar subestimação porque muitos domicílios não foram entrevistados.