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PC prende 54 e desmonta quadrilha que movimentou R$ 17 mi no tráfico

Da Redação

| Edição de 29 de agosto de 2024 | Atualizado em 29 de agosto de 2024

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Cinquenta e quatro pessoas foram presas ontem em uma mega operação deflagrada pela Polícia Civil do Paraná (PCPR) para desmantelar uma quadrilha sediada em Apucarana especializada em tráfico de drogas e lavagem de dinheiro responsável por movimentar mais de R$ 17 milhões nos últimos dois anos. A operação comandada pela 17ª Subdivisão Policial (SDP) de Apucarana cumpriu mais de 170 mandados judiciais, bloqueou contas bancárias, apreendeu veículos e chegou aos dois líderes da organização criminosa que também está envolvida em uma série de assassinatos nos últimos anos.

Os mandados foram cumpridos simultaneamente por 245 policiais em Apucarana, Ortigueira, Rio Bom, Califórnia, Marilândia do Sul, no Paraná, e em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, com apoio de suporte aéreo de helicóptero e cães policiais.

Segundo a polícia, a organização atuava há cerca de 10 anos com um complexo esquema de venda de drogas a partir da zona leste da cidade. A região é ponto de origem dos dois irmãos que comandavam a quadrilha presos na operação intitulada Baby Shark, uma referência ao apelidos deles: Nenezinho, 33 anos, e Nenezão, 36 anos, e ao nome usado pela organização, conhecida como Tropa do Tubarão. Os irmãos, segundo a polícia, serão transferidos para o sistema prisional federal.

O delegado-adjunto André Garcia comenta que a investigação que culminou com a operação de ontem foi iniciada há cerca de um ano. Para chegar a quadrilha, a polícia seguiu o rastro do dinheiro.

“Percorremos um caminho que eles não imaginavam, que foi a investigação do dinheiro”, explicou Garcia. Os agentes descobriram que o grupo estruturou uma “empresa criminosa complexa”, dividida em núcleos e com responsáveis por condutas que faziam a engrenagem criminosa funcionar.

Segundo o delegado, a “Tropa do Tubarão” movimentou em dois anos mais de R$ 17 milhões com a venda de drogas, apenas com transações por meio de PIX e máquinas de cartão de crédito. A polícia acredita, entretanto, que um valor duas vezes maior que esse pode ter sido movimentado em dinheiro em espécie.

Em pouco mais de dois anos, a quadrilha teria realizado mais de 53 mil transações bancárias. “Em todas essas transações, em momento algum passou dinheiro pelas contas dos líderes, os dois irmãos. Na verdade, nem conta bancária eles possuem. Nunca tiveram contas bancárias e movimentaram mais de R$ 17 milhões”, contou o delegado Ricardo Toledo, também integrante da força-tarefa.

Conforme as investigações da polícia, o núcleo financeiro do grupo criminoso era composto por nove pessoas. Contas das esposas e companheiras dos líderes também eram utilizadas para “afastarem” os valores movimentados pelo tráfico de drogas.

Entre os presos, além das principais lideranças do grupo também estão membros do núcleo financeiro, operacional e os “soldados” da venda direta de drogas. (COLABORARAM LOUAN BRASILEIRO E ANA QUIMELO)

Tortura e ‘rap do crime’

A organização criminosa, segundo a polícia, agia com extrema violência. Práticas de torturas de membros que praticavam “faltas” e em usuários, por dívidas, eram comuns. As sessões de tortura, inclusive, eram divulgadas como forma de “exemplo”. O grupo também é suspeito de envolvimento em dezenas de homicídios cometidos nos últimos anos e possui grande arsenal de arma de fogo.

Parte do arsenal da quadrilha ilustra um vídeo a que a polícia teve acesso nos celulares dos presos. Em um videoclipe, várias fotos e vídeos seguem ao som de um rap. A letra da música enaltece nomes da organização criminosa e também retrata os embates contra os rivais. Diversos nomes são mencionados, lembrando perdas sofridas pela quadrilha nas disputas contra seus rivais.

As imagens que ilustram o vídeo mostram armas, munições e também bastante dinheiro. São mencionados bairros como o Jardim Colonial, Residencial Sumatra e Residencial Cerejeira, todos localizados na zona leste, ponto de origem da quadrilha.

Organização tinha complexo sistema de monitoramento

Segundo a Polícia Civil, a quadrilha tinha um modus operandi bastante organizado. “Eles atuavam de forma organizada e possuíam centenas de pontos de vendas de drogas que eram instalados em imóveis que, ora eram invadidos e seu proprietários eram expropriados, ora alugavam imóveis, realizavam a adequação para funcionar como pontos de venda de drogas”, conta o delegado-chefe da 17ª SDP Marcus Felipe da Rocha.

Segundo a polícia, os locais contavam com sistema de videomonitoramento que servia tanto para a fiscalização da comercialização das drogas como para monitorar a ação das forças de segurança.

Os traficantes também tinham acesso a dezenas de câmeras nas ruas e eram capazes de observar a aproximação da polícia a distâncias que chegavam a mais de cinco quilômetros dos pontos de venda de drogas.