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Praça do Redondo volta a ser alvo de debate em Apucarana

Louan Brasileiro

| Edição de 29 de novembro de 2024 | Atualizado em 29 de novembro de 2024

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Alterações na Praça Interventor Manoel Ribas, popularmente chamada de Praça do Redondo, localizada no centro de Apucarana, voltaram a ser discutidas na cidade após o prefeito eleito Rodolfo Mota (União Brasil) afirmar em entrevista ao TNOnline e ao jornal Tribuna do Norte que pretende encomendar um estudo urbanístico sobre o que pode ser feito com o passeio público, que tem sido alvo de reclamações da população há vários anos. “Nós queremos ao menos abrir uma via em meio à Praça do Redondo, para facilitar o fluxo de veículos e também criar novas vagas de estacionamento. Mas precisamos fazer um estudo técnico sobre o local para que possamos definir o que será feito”, afirmou.

O principal desafio é que a praça funciona como uma rotatória que direciona o fluxo da avenida Curitiba, ruas Miguel Simião e Irmã Eleotéria e avenida Corifeu de Azevedo Marques. Apesar do fluxo intenso de veículos nas ruas do entorno, a praça há tempos deixou de ser frequentada como espaço de lazer. A sujeira e insegurança espantam a população do local.

Comerciantes e moradores da região da praça têm diferentes expectativas em relação ao espaço, todos concordam, entretanto, que é preciso mudar. É o que aponta o empresário Ademir Moreira, que possui uma loja de informática em frente à praça. Para ele, o canteiro que divide a rua deveria ser removido.

“Esse canteiro do meio, em frente ao shopping, deveria ser retirado e no lugar criar uma via exclusiva para os ônibus, livrando todo o entorno onde hoje é rua para se tornar em estacionamento”, opina.

Para ele, a proposta de se abrir uma via em meio à praça também é bem vista. “Eu acho que seria bom abrir uma rua ali no meio, vai melhorar bastante o fluxo de veículos”, pontua.

Cleverson Vicente é gerente de uma farmácia que fica em frente à Praça do Redondo. Ele também reclama da violência e da falta de vagas de estacionamento. “Nós temos os pedintes que ficam aqui nessa região, que afugentam as pessoas, sobretudo no período da noite”, afirma. “Essa praça é muito mal aproveitada. Não somente para o nosso tipo de atividade, seria interessante a abertura de mais vagas aqui na nessa região”, destaca.

De outro lado, uma comerciante que pediu para não ser identificada afirma que uma proposta mais viável, na sua opinião, seria revitalizar o local como foi feito na Praça 28 de Janeiro.

“Eu acho que não podemos derrubar as árvores, mas dava para criar mais vagas de estacionamento de forma transversal, igual foi feito na Praça do 28, não precisamos remover a praça, mas dá para melhorar bastante”, diz.

O professor de artes marciais Sadi Ivan Ribeiro Neto é morador da Barra Funda. Para ele, a revitalização é necessária. “Acho que a praça precisa de uma reforma, principalmente colocar mais iluminação. Além de que atualmente essa praça uma impressão de sujeira, de algo feio, bem no coração da cidade”, pontua.

O arquiteto Benedito Coelho Neto afirma que a Praça do Redondo não está cumprindo com a sua função de passeio público. “É uma praça que não está cumprindo com a função de praça, por exemplo, a Praça do 28 é frequentada por muitas famílias, enquanto a Praça do Redondo acaba sendo, na verdade, um problema”, diz.

Ele também acredita que a abertura da via em meio ao local vai gerar muitos benefícios para aquela região.

“Seria muito bem vinda essa abertura da praça, além de atender à demanda do pessoal da Barra Funda. A cidade precisa de praças, mas praças que as pessoas possam usar”, pontua Coelho Neto.

Arquiteto tem projeto pronto

A discussão em torno da necessidade de melhorias na Praça do Redondo se arrasta há décadas. Há 25 anos, o arquiteto Leonardo Britici desenvolveu um projeto criando uma abertura da Avenida Curitiba interligando o centro direto com a Barra Funda, proporcionando um alargamento da via, criando uma espécie de calçadão em frente ao shopping e ainda criando novas vagas de estacionamento. Ao mesmo tempo, a proposta ainda preserva uma boa parte da praça.

“Eu fiz esse projeto quando me formei em Arquitetura e Urbanismo pela UEL, pois já existia essa necessidade de expandirmos a área central de Apucarana e de mudar a configuração da praça. É um projeto simples, mas com um impacto imensurável”, diz acrescendo que o projeto já foi apresentado à Prefeitura sendo, inclusive, doado à municipalidade.

O arquiteto aponta que a área central de Apucarana já não comporta mais a instalação de novos empreendimentos e a partir da conclusão do novo Centro Comercial da Acia, que está em obras próximo à Praça do Redondo, o movimento de pessoas e veículos no local deve aumentar significativamente.

Ele defende que o município expanda sua área comercial de forma planejada e sem projetos de alta complexidade. Britici acredita que a Barra Funda pode ser melhor utilizada.

“A região da Barra Funda é perfeita para expandirmos a área comercial do centro. Ali existem terrenos de diversas proporções, além de estrutura que comporta novos investimentos para o município”, salienta.

“Eu acredito que se fizermos essas alterações, a Barra Funda ganhará um impulso econômico muito forte, podendo explorar seu grande potencial. Acredito que ali pode ser a nova ‘Palhano’”, brinca o arquiteto em alusão à Gleba Palhano, um dos bairros mais novos de Londrina e o mais valorizado da cidade atualmente.

Relação com a Barra Funda

Principal centro econômico e comercial da cidade nas primeiras décadas do município, a região da Barra Funda tem grande expectativa nas mudanças da Praça do Redondo.

“A praça do Redondo faz com que as pessoas nem saibam que a Barra Funda existe. Pois, quando as pessoas descem a Avenida Curitiba, ao chegarem no Redondo, fazem o retorno para o centro novamente. Isso afeta o movimento de clientes aqui nessa região”, avalia o empresário Almir Signolfi, que possui um comércio de embalagens há 42 anos no local.

Ele acredita que a proposta de abertura da praça pode dar uma nova vida aos empreendimentos da Barra Funda. Signolfi destaca que a região precisa ser mais valorizada, pois trata-se da história de Apucarana.

“Apucarana começou por aqui. Este bairro foi o primeiro centro da cidade, mas com o passar dos anos foi sendo deixado de lado. Hoje em dia nem as luzes de natal são instaladas na Barra Funda. Precisamos dar mais valor à nossa história e também à nossa economia”, destaca.

Já outro comerciante, Pedro Ernesto, possui uma lanchonete há quatro anos no bairro. Para ele, é fundamental uma reestruturação da Praça do Redondo para que a Barra Funda se desenvolva.

“Se tivéssemos uma passagem direta da Avenida Curitiba pela Praça do Redondo, tenho certeza que o movimento, não apenas na minha lanchonete, mas em todos os demais comércios, aumentaria bastante e isso estimularia também novos investimentos e novos empreendimentos”, observa.