A escalada no preço do arroz está assustando os consumidores em Apucarana. O pacote com 5 kg subiu mais de 35% nos últimos meses, segundo donos de supermercados da cidade. Pesquisa feita ontem no aplicativo Menor Preço mostra que o produto é encontrado a R$ 24 no menor preço e a R$39,98 no maior, dependendo a marca, uma variação de 66,5%. As principais contribuições para a alta são o clima e o aumento na demanda internacional.
O empresário Sergio Biazze, proprietário de uma empresa de beneficiamento de arroz, aponta quais fatores favoreceram o aumento no preço do grão. Segundo ele, o Brasil e os países do Mercosul sofreram o que ele classifica como uma “frustração” de safra entre 2022/2023 com a seca registrada nas regiões produtoras de arroz que, por consequência, resultou em uma oferta menor do produto.
Ao mesmo tempo, a demanda internacional aumentou junto com os preços no mercado exterior, sobretudo pela proibição de exportação de arroz na Índia, que responde por 40% das vendas externas do grão.
“Com uma oferta menor e mercado internacional demandando mais produtos, por conta da Índia que suspendeu a exportação de arroz, desse pacote de fatos acarretou o aumento de preço no mercado interno”, explica o empresário.
O excesso de chuva nos meses de outubro e novembro do ano passado também contribuíram para a alta no custo do arroz. Segundo o técnico do Departamento de Economia Rural (Deral), Adriano Nunomura, técnico do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab), de Apucarana, a chuva atrasou os trabalhos de plantio e causou perdas na produção do arroz nas regiões produtoras. “Com essa redução na produção, a tendência é de aumento nos preços, principalmente quando o produto tem demanda contínua como no caso do arroz”, pontua.
Conforme o Índice de Preços Regionais - Alimentos e Bebidas (IPR), calculado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), o arroz branco registrou uma das maiores altas no Paraná em 2023, fechando o ano com aumento de 31,84%. O alimento ficou atrás apenas da laranja-pera (41,84%). Outra alta importante foi do tomate (20,56%). Os aumentos observados em laranja e arroz estão relacionados à insuficiência de oferta frente a demanda e ao baixo estoque do cereal.
O cenário brasileiro segue a tendência mundial de aumento de preços desse alimento, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Responsável por 40% do fornecimento global de arroz, a Índia é apontada como a principal vilã para esse quadro. Em 20 de julho, o país proibiu as exportações de arroz branco não-basmati em uma tentativa de acalmar os preços internos em alta. Por isso, o preço do arroz no mercado mundial atingiu o maior patamar dos últimos 15 anos em 2023.