OPINIÃO

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As vozes proféticas e a cegueira moral

Por João Luiz Calegari, professor de filosofia da rede estadual

| Edição de 17 de julho de 2020 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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Vemos o extermínio do Estado de direito com a ausência de democracia e menos desenvolvimento? Líderes mundiais, nacionais e locais das diversas organizações e religiões progressistas gritam por justiça e contra as desigualdades sociais. As falácias liberais, as mitologias do capital acumulativo não atendem os que precisam dos serviços públicos e demonstram total desprezo pelos invisíveis e imobilizados. 
Quais seriam os indicadores éticos diante da extrema pobreza? Segundo IBGE, no Brasil, é preciso que uma pessoa viva com R$ 57 por mês, para ser considerada inclusa nessa condição.
Sem exageros, alguns vivem uma das maiores crises da história do planeta terra. Estudos antropológicos do Reino Unido abordam todos os níveis de governos e de poderes, em que os servidores públicos de modo geral, mas em especial, os da saúde e da educação, tiveram uma ampliação de 1988 a 2018. 
Porém, longe de uma expansão descontrolada em tamanho e despesas com o pessoal no setor público, principalmente no âmbito federal, houve mudanças e transformações positivas, visíveis nos serviços públicos à população, que demanda uma compreensão assertiva nas últimas décadas. 
Há em curso sim, um desmonte da República, do Estado e da Democracia. As dimensões de equilíbrio do poder entre cidadãos e organizações estatais, a transparência nas decisões e controle dos resultados sociais sobre os poderes e os meios de informações são necessários para que os serviços públicos funcionem.
A democracia ressalta as questões de política da sociedade e suas maneiras de solucionar os conflitos de forma representativa, participativa e deliberativa. Os seus aspectos são para o crescimento de geração de emprego e renda, na construção de uma estrutura produtiva, de sustentabilidade, no amparo social e fortalecimento do Estado, não no processo de desmonte em cenário cada dia mais autoritário e anacrônico. 
Ouvimos testemunhos eloquentes de representantes e líderes coerentes com a vida humana. O Papa Francisco vai reunir em Assis os jovens economistas para pensar um novo modelo econômico, os 100 Bispos do mundo, 5 deles brasileiros, um de Maringá, o arcebispo Dom Severino Clasen. Eles assinaram uma carta e pedem medidas para travar os abusos das empresas para garantir a solidariedade global. 
Por fim, o padre Edson Adélio Tagliaferro, da Diocese de Limeira, fez duras críticas ao Governo brasileiro ao dizer: “temos que falar, mas, não podemos falar o que o povo não gosta. Quem somos nós diante do projeto de Deus? O que devemos falar depois de milhares de mortos de Covid-19 e sem um ministro da saúde? O presidente não presta e os fiéis que votaram em Bolsonaro, deveriam se confessar por terem eleito um bandido como Presidente do Brasil. Isso foi o que aconteceu”. 
Afinal, a pior opressão é o opressor morar na cabeça do oprimido. Quando houver uma incerteza de que lado devemos estar na vida, ficar do lado dos pobres e oprimidos é solução.