OPINIÃO

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Brasil vive a marcha da insensatez

Por Celso Luiz Tracco, economista e escritor

| Edição de 27 de fevereiro de 2018 | Atualizado em 25 de janeiro de 2022

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A marcha da insensatez – de Tróia ao Vietnã, de Bárbara Tuchman. Neste livro a autora faz uma análise, profunda e brilhante, sobre grandes eventos da humanidade que, pela insensatez dos governos e governados, levaram povos a guerras, destruições e enormes sofrimentos. Sirvo-me deste título para refletir sobre o momento atual de nossa sociedade, que está vivendo um período de calamidades crescentes e pouco, ou nada, faz para mudar um destino que parece cada vez mais sombrio e mais próximo.

Parece estar claro que o maior entrave para o crescimento sustentado do Brasil é seu atual sistema político e isto já é consenso entre alguns políticos conscientes. Para dizer o mínimo, é um sistema anárquico. Começando pela arrecadação de impostos: do total arrecadado, cerca de 57% vai para a união, 25% para os estados e 18% para os municípios. Ora, as pessoas vivem nos municípios e precisam mais de "brasis" do que de Brasília. 
Dos 5570 municípios brasileiros, em torno de 65% deles não fecharam suas contas em 2017, a maioria dos estados está com sua situação financeira caótica, o déficit federal só cresce.
Como disse recentemente a ministra Carmen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), "o cidadão está cansado de todos nós", referindo-se a que o povo brasileiro está cansado da ineficiência das instituições governamentais. O que fazer? Bem, parece claro: ou tornamos as instituições eficientes ou acabamos com elas. Manter o status quo não parece ser muito sensato.
Hoje dispomos de uma ferramenta poderosa: a internet, ela é democrática. Como sugestão acesse o site: www.mudamos.org e conheça seu conteúdo. Baixe o aplicativo em seu celular, é gratuito e permite que qualquer cidadão proponha, participe, assine projeto de iniciativa popular que pode tornar-se lei e transformar nossa realidade caótica. É um instrumento de cidadania.
A sociedade pode e deve participar e não apenas em ano de eleição. Afinal o país que desejamos depende de nós. Exemplo: algumas escolas de samba cariocas demonstraram toda sua indignação com as mazelas governamentais no principal desfile de carnaval do país. Participar é decisivo, ou devemos usar nosso poder apenas para escolher o eliminado em realities shows e se interessar pela atual vida amorosa de um futebolista e uma jovem atriz de novela?
Voltando ao título desse artigo: a maior insensatez humana é pensar que, fazendo as coisas do jeito que sempre foram feitas, no futuro, conseguiremos resultados melhores que os atuais.