O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) realizou nova edição da Operação Publicano, que combate a corrupção na Receita Estadual. Pelo menos 40 auditores fiscais foram presos na quinta-feira, incluindo três de Apucarana e Arapongas. A operação está passando a limpo décadas de cobranças de propinas nesse órgão no Paraná. Muitos auditores fiscais enriqueceram às custas dos cofres públicos. Ao longo dos anos, a investigação mostra que milhões e milhões de reais deixaram de ser arrecadados por conta do esquema no Estado.
São 230 empresas investigadas na quarta fase da Operação Publicano, que deixaram de pagar R$ 732 milhões para o Estado entre 2013 e 2015. Segundo o Gaeco, pouco mais de R$ 200 milhões são referentes à sonegação de impostos e multas. Algumas dessas empresas são de Apucarana e Arapongas, segundo informações do Ministério Público do Paraná (MP-PR). Na operação de quinta-feira, cinco empresários das duas cidades citados nas investigações foram encaminhados para prestar depoimento em Londrina, onde o Gaeco concentra as investigações.
Essa fraude vem sangrando os cofres do Paraná há anos. Segundo as investigações, desde a década de 80 algumas empresas estão sendo achacadas por auditores fiscais. A irregularidade tinha um modus operandi parecido na maioria das denúncias: o fiscal comparecia na empresa a pretexto de executar uma fiscalização e apontava um valor de multa muito superior que deveria ser pago, negociando valores para redução ou omissão do auto de infração.
É uma conduta criminosa desses servidores públicos, cuja função era justamente zelar pelos recursos do Estado, fiscalizando o pagamento dos impostos devidos. No entanto, esses auditores utilizavam-se do cargo para arrecadar grandes somas de dinheiro, com base na “carteirada” da Receita Estadual.
Segundo o Gaeco, a quadrilha atuava havia três décadas e faturava R$ 50 milhões por ano em propinas. Se as denúncias investigadas forem confirmadas na Justiça, o governo do Estado precisa fazer uma “limpa” no quadro da Receita Estadual. É inaceitável que esse órgão importante do Estado seja transformado num centro criminoso. O governo já abriu procedimentos internos nesse sentido para mudar essa realidade.