POLÍTICA

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Lideranças evangélicas tentam barrar entrada de Dino no STF

Da Redação

| Edição de 29 de novembro de 2023 | Atualizado em 29 de novembro de 2023

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Lideranças evangélicas conservadoras vão pressionar os senadores a votar contra a indicação do ministro Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF). O segmento pretende engrossar dois atos públicos convocados pela oposição contra o atual titular da Justiça: um previsto para ocorrer em várias cidades do País, no dia 10, e outro marcado para 13 de dezembro, data em que será feita a sabatina de Dino na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.

A estratégia para barrar a ida de Dino para o Supremo envolve visitas aos gabinetes e telefonemas de lideranças religiosas para os senadores. Líderes religiosos locais, considerados importantes atualmente para qualquer eleição, vão procurar os senadores de seus estados para se posicionar contra a indicação feita pelo presidente Lula. A pressão maior recai sobre aqueles parlamentares que disputarão as eleições municipais de 2024 ou as gerais de 2026, quando dois terços das cadeiras do Senado estarão em disputa.

A Frente Parlamentar Evangélica criou uma página na internet para monitorar o posicionamento de cada senador em relação à indicação de Flávio Dino. “Estamos empenhados em derrotar o nome dele”, disse o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), vice-presidente da frente parlamentar, ao site Congresso em Foco.

No Senado, a articulação é encabeçada pelo líder da bancada na Casa, Carlos Viana (Podemos-MG), ex-líder do governo Bolsonaro. Dos 81 senadores, 16 fazem parte da frente evangélica.

Para Sóstenes, Flávio Dino é a pior indicação já feita por um presidente da República ao Supremo. “Dino é um debochado, um provocador. Diz que é comunista graças a Deus. Sempre falamos que o Lula e o PT são divorciados do meio evangélico, essa é mais uma prova disso”, ressaltou Sóstenes. O deputado é pastor licenciado da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo e o congressista mais próximo de Silas Malafaia, principal líder da denominação religiosa. A referência ao comunismo remete ao período em que Dino, hoje no PSB, permaneceu no PCdoB.

O deputado reconhece que o ministro preenche o requisito constitucional de ter notável conhecimento jurídico. “Mas ele é muito mais político do que jurista. Vai para a Corte nos perseguir”, acusa Sóstenes. “Será dez vezes pior que o Alexandre de Moraes”, emenda, referindo-se ao ministro que se destacou nos últimos anos no confronto com Jair Bolsonaro e relator das ações envolvendo participantes dos atos de 8 de janeiro.(CONGRESSO EM FOCO)

O subprocurador-geral da República Paulo Gonet e o ministro da Justiça, Flávio Dino, iniciaram nesta quarta-feira, oficialmente, as visitas aos gabinetes dos senadores em Brasília em busca dos votos necessários para que suas indicações à Procuradoria Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal, respectivamente, sejam aprovadas.

É comum que autoridades indicadas a cargos públicos façam visitas presenciais aos gabinetes dos senadores e que mantenham conversas nos bastidores para se apresentarem e pedirem votos.

Como a votação é secreta, a orientação partidária tem menos importância que as relações e os compromissos pessoais firmados no tête-à-tête.

A indicação de Gonet à PGR é vista como quase garantida, já que ele tem amplo apoio no Congresso, da esquerda à direita. Por outro lado, a indicação de Dino ao STF é vista com maior receio pela oposição, mas o traquejo político do ministro (senador licenciado pelo Maranhão) e suas relações com os parlamentares devem facilitar sua aprovação.

A tendência, segundo senadores dos principais partidos da Casa, é que as duas indicações sejam aprovadas no plenário do Senado. As sabatinas e as votações estão marcadas para a semana de 11 a 15 de dezembro.

Indicados iniciam visitas aos senadores