Oministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) buscou recuperar a confiança nas Forças Armadas, com a reunião de trabalho realizada nesta sexta-feira, no Palácio do Planalto. A reunião com os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica ocorreu uma semana depois de o presidente admitir à imprensa que “perdeu a confiança” em militares da ativa.
“Ele (Lula) tem consciência, e as Forças Armadas também, da atenção que deu às Forças Armadas. E quis renovar essa confiança. Evidentemente não poderíamos ficar nessa agenda última, temos que pensar para a frente, pacificar esse País e governar”, declarou Múcio, ao sair da audiência.
Múcio afirmou que os comandantes concordaram em abrir processos para apurar e punir casos de militares que se insubordinaram, em manifestações nas redes sociais, ou que tiveram envolvimento nos atos extremistas de 8 de janeiro. Lula afirmou que cobraria providências dos comandantes-gerais, a despeito da patente de quem estivesse sob averiguação.
“Os militares estão cientes e concordam que vamos tomar essas providências. Evidentemente, no calor da emoção a gente precisa ter cuidado para que acusações e penas sejam justas. Tudo será providenciado em seu tempo”, afirmou o titular da Defesa.
Para o ministro, não houve envolvimento direto das forças nos atos cometidos por extremistas, durante o ataque às sedes dos três poderes. Múcio negou que Lula tenha tratado com os comandantes militares, diante de empresários convidados para o encontro, de punições relacionadas aos atos golpistas de 8 de janeiro.
“Eu entendo que não houve envolvimento direto das Forças Armadas. Agora, se algum elemento individualmente teve participação, ele vai responder como cidadão”, disse o ministro.
Múcio afirmou que o presidente precisava de uma conversa para “virar a página” sobre os atos de indisciplina e politização nas Forças Armadas.
Questionado se é possível garantir que as Forças Armadas cumprirão seu papel em caso de um ataque similar às sedes dos Três Poderes, o ministro respondeu: “Não tem a menor dúvida de que outro daquele [ataque] não vai acontecer, até porque as Forças Armadas irão se antecipar”.
Lula convocou a reunião com a justificativa de tratar de investimentos nas Forças Armadas e de parcerias público-privadas para alavancar a indústria bélica, o que justifica a presença do presidente da Fiesp, Josué Gomes, na agenda.
No encontro, Múcio frisou que Lula foi o presidente da República que, “talvez, mais investiu nas Forças Armadas”. “Ele tem consciência, e as Forças Armadas também, da atenção que ele deu às Forças Armadas. E ele quis renovar essa confiança.”