A ativista trans apucaranense Renata Borges, candidata a deputada federal nas eleições de 2 de outubro pelo PDT, diz que apresenta sua candidatura aos eleitores sobretudo como um ato político. Ela afirma ter plena consciência dos desconfortos que isso causa numa sociedade machista e permeada de preconceitos. “Eu não peço licença ou autorização para acessar meus direitos. Eu ocupo esses espaços”, resume, explicando sua militância diária contra preconceitos que, segundo ela, vitimam preferencialmente mulheres, pretos, pobres e toda a população LGBTQIA+. “E o preconceito a gente destrói. Aliás, a gente desconstrói com informação”, diz.
A candidata pelo PDT de Apucarana falou à reportagem da TNonline na série de entrevistas com os candidatos da cidade e região.
Ativista dos movimentos sociais, Renata Borges destaca a luta diária contra os preconceitos estruturais na sociedade. “Minha luta não é da boca para fora. Eu sei o que é essa violência contra as minorias”, explica, lembrando da vivência diária contra o preconceito: “Meu crime diário é dizer que sou mulher, de me reafirmar diariamente”.
“A população trans vive essa luta diária. E a violência política aumentou muito nos últimos três anos, inclusive com muitas mortes. E a violência contra a mulher é muito maior. A mulher sempre sai atrasada nas disputas eleitorais por terem filhos, por falta de recursos financeiros, por serem mulheres”, diz, reafirmando que os espaços de poder, mesmo os partidos, são violentadores das mulheres, sejam elas brancas, religiosas mas, principalmente, se forem negras, pobres e LGBTQIA+.
Renata Borges se apresenta como candidata a deputada federal e fala de suas principais bandeiras de luta. Além do combate aos preconceitos, ela prioriza o debate sobre o sistema prisional, mas também fala na necessidade de redução do chamado “Custo Brasil” para estimular a iniciativa privada, melhorando a geração de emprego e renda e de programas de inclusão social.
Renata Borges é uma das primeiras mulheres trans dentro da América Latina a assumir um diretório político, sendo presidente do PDT de Apucarana, o que ela considera um grande avanço coletivo.
Seu ingresso na carreira política teve início em 2018, quando disputou uma vaga na Câmara Federal pelo PSB, ficando na suplência com 2.577 votos. Em 2020 foi candidata a vereadora pelo PT, obtendo 585 votos, ficando na segunda suplência do partido.