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Senado não pode rejeitar processo instaurado na Câmara, diz Fachin

Folhapress

| Edição de 17 de dezembro de 2015 | Atualizado em 02 de dezembro de 2016

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O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luiz Edson Fachin votou ontem contra a possibilidade de o Senado poder recusar a instauração de um processo de impeachment aprovado pela Câmara dos Deputados.

Segundo o ministro, após a admissão da acusação de crimes de responsabilidade pela Câmara, cabe ao Senado necessariamente instaurar o processo. O ministro estabelece que o afastamento do presidente se dá logo após a leitura do parecer enviado pela Câmara pelo plenário do Senado.

Imagem ilustrativa da imagem Senado não pode rejeitar processo instaurado na Câmara, diz Fachin

"Inexiste competência do Senado para rejeitar autorização expedida pela Câmara. Nem poderia. O comando constitucional é claro ao indicar que admitida a acusação será ele submetido a julgamento. Não há faculdade da mesa quando recebe a acusação, deve ela instaurar o procedimento."

O governo aposta que o Supremo determine que o Senado tem possibilidade de rejeitar a instauração do processo de impeachment porque seria mais fácil barrar o impeachment na Casa, onde tem uma base governista mais estável.

No início de seu voto sobre o rito do processo de impeachment, Fachin propôs que não há necessidade de defesa prévia da presidente Dilma Rousseff antes de o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitar o pedido de afastamento.

O governo tenta emplacar no Supremo que, antes de Cunha ter acolhido o processo, Dilma deveria ter sido ouvida numa garantia de amplo direito de defesa. Se acolher esse entendimento, o Supremo invalidará todos os atos praticados até agora.

Para Fachin, relator da ação que trata do roteiro do pedido de afastamento, o ato do presidente da Câmara não encerra o recebimento da denúncia, que terá que passar pelo crivo de uma comissão especial e do plenário da Casa legislativa.

Segundo o relator, a defesa prévia deve ser apresentada no parecer da comissão especial da Câmara que discutirá o pedido de afastamento e ao plenário.

Outra questão a ser discutida é a validade da votação secreta que elegeu uma comissão especial de maioria pró-impeachment na Câmara. Segundo a Folha de S.Paulo antecipou, Fachin deve considerar a eleição válida.

O ministro defendeu que a Constituição prevê que a composição das comissões de forma geral da Câmara e do Senado, como a do impeachment, é regulamentada pelos regimentos internos. Fachin colocou ainda que há exceções que justificam o voto secreto para preservar o parlamentar.

"Percebe-se que a publicidade é a regra, mas a Constituição, em situações excepcionais, admite que possa exercer de forma secreta", disse. O ministro defendeu, porém, que a votação do processo de impeachment no plenário tem que ocorrer em votação aberta.

Fachin também rejeitou pedido do PCdoB questionado a imparcialidade do presidente da Câmara de atuar no caso, sendo que ele rompeu com o governo diante das acusações de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras.

"Entraves políticos são naturais em processo jurídico-político", disse o ministro.A sessão foi encerrada após o voto do relator e o STF retoma os debates hoje.