Há momentos na vida em que percebo que o caminho que escolhi me leva de volta ao ponto de partida, mas agora com uma nova perspectiva, como se estivesse traçando círculos em espiral, sempre avançando, mas conectada ao meu passado. Ser escolhida como paraninfa da turma do 3º ano do Colégio São José, exatamente 20 anos depois de ter me formado nessa mesma instituição, é uma dessas voltas que a vida dá, carregada de significado e emoção.
Ser chamada para ser paraninfa é sempre uma honra, mas, para mim, essa escolha traz um peso ainda maior. O Colégio São José foi minha casa por tantos anos, e hoje eu conheço cada corredor, cada sala de aula, cada detalhe, não apenas como professora, mas como alguém que viveu ali os anos mais importantes da juventude. Vinte anos atrás, eu estava no lugar onde meus alunos estão hoje, cheia de sonhos, incertezas e expectativas sobre o que o futuro me reservava.
Ser escolhida por esses alunos tão especiais é mais do que um reconhecimento do meu trabalho como professora. É um reflexo do que compartilho com eles diariamente: a arte, o olhar criativo sobre o mundo, a empatia e a busca constante por encontrar beleza e sentido em nossas experiências. Mais do que ensinar técnicas e conceitos, procuro guiá-los para que vejam o mundo com mais sensibilidade, que questionem e expressem suas emoções e pensamentos de forma única. Ver que esses jovens me escolheram para representá-los em um momento tão importante de suas vidas me enche de orgulho e gratidão.
Voltar ao Colégio São José, agora como professora de artes, é um ciclo que se completa. Foram aqui que vivi minhas primeiras grandes amizades, enfrentei desafios, formei a base da pessoa que me tornei. E hoje, como educadora, tenho a oportunidade de retribuir tudo o que essa instituição me deu, ajudando a moldar os jovens que passarão por aqui, assim como eu passei.
Ser professora de artes em um mundo cada vez mais tecnológico e acelerado não é tarefa fácil. Mas acredito profundamente no poder transformador da arte. Ela nos ensina a sentir, a ver além do óbvio, a criar a partir do nosso interior. E é isso que procuro fazer com meus alunos: plantar pequenas sementes de sensibilidade, criatividade e reflexão que, com o tempo, florescerão em formas inesperadas e maravilhosas. Foi isso que a arte fez por mim e é isso que espero que ela faça por eles.
Poder caminhar pelos corredores do Colégio São José hoje, vinte anos depois de ter me formado aqui, me traz uma sensação única. É como voltar para casa, mas com a bagagem de toda uma vida de experiências, aprendizados e desafios superados. O Colégio São José foi o início de muitas coisas na minha vida, e agora, mais uma vez, ele se torna palco de uma das maiores honras que já recebi.
A vida tem essa maneira curiosa de fechar círculos. Hoje, como paraninfa, tenho a chance de compartilhar com meus alunos não apenas aquilo que aprendi nas minhas experiências, mas também a certeza de que, independentemente do caminho que eles escolham, o que realmente importa é a jornada, os laços que formamos e a pessoa que nos tornamos ao longo do caminho.
O futuro é deles, assim como um dia foi meu. E assim como o Colégio São José sempre será uma parte fundamental da minha história, ele também será para eles. Agradeço a cada um dos meus alunos pela confiança, pelo carinho e, sobretudo, por me deixarem fazer parte de suas histórias, assim como um dia eu também estive aqui, cheia de sonhos, exatamente como eles estão agora.
PS: o meu marido foi vestido de príncipe para o convite, meu eterno namorado desde a época de colégio, que fez tudo ser ainda mais emocionante. Enfim, paraninfa, que honra, que maravilhoso, que responsabilidade.
Thays N. D. Bomba